segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Aula de revisão e redação em nossos parabéns

É com muita satisfação que recebemos, revisamos e publicamos essa joia, que nos foi enviada por nosso parceiro Quimas, do Movimento Armas da Paz. Sem dúvida, seu texto nos honra e nos serve de exemplo para, metalinguisticamente, exemplificar o que é o trabalho de um revisor de texto e como se pode redigir um bom texto, sem excessos e com precisão. Fiquem com esse brilhante.

Parabéns a Rede de Correções por este ano de vida

Escrever com total correção é algo raro, mesmo entre escritores muitas vezes renomados. Seja na língua portuguesa ou em qualquer outro idioma quase sempre os erros passam despercebidos a quem escreve, principalmente quando o texto tem certo volume.


Deslize na pontuação (arte muito difícil), erros ortográficos e de concordância, imprecisão na escrita, enfim, uma série de dificuldades se impõe a quem se atreve passar para o papel, ou para a tela, as suas ideias por escrito.

Contudo, para nos auxiliar nessa empreitada, há esses anjos salvadores aos quais chamamos revisores. São eles que, com paciência incomensurável e munidos de vasto conhecimento sobre a língua, ajudam a tornar impecáveis os nossos textos.

A língua alcança a sua máxima expressão quando falada ou escrita com perfeição. Para que um texto esteja perfeito não estão necessariamente presentes palavras rebuscadas, difícil entendimento, ou maneirismos que ludibriam o leitor ou o ouvinte, que tomam como brilhante um conteúdo banal dissimulado pela erudição dos termos. Um texto perfeito é aquele que transmite o melhor conteúdo e é escrito com correção.

Essa última é a tarefa da Rede de Correções: lapidar e garantir que o material textual chegue ao leitor não como gema, mas como joia perfeita, brilhante, revelando e garantindo o seu máximo esplendor.

A todos da Rede de Correções só posso parabenizar pelo trabalho de excelência, auxiliando a todos que cultivam a arte de escrever, ou àqueles que necessitam de ter seus textos impecáveis para apresentação. 

Um abraço a todos da Rede, como carinhosamente gosto de chamar. Parabéns!


@quimas
@armasdapaz

domingo, 25 de setembro de 2011

Homônima, hoje é seu dia - queria dividir contigo esta emoção

A caminho do trabalho, há menos de uma semana, pensava no assunto da próxima postagem a ser aqui publicada, para marcar o aniversário da Rede de Correções. Na minha lembrança vinha um comentário da época em que estudava sociolinguística: "são homônimas as palavras 'OÇO' e 'OSSO', se desconsiderarmos o padrão de língua e relevarmos as duas pronúncias realizadas por diversos falantes". É claro que devemos relevar a variedade padrão e lembrar que estamos diante do verbo OUVIR, cuja conjugação em primeira pessoa é OUÇO. No máximo, então, teríamos uma relação de paronímia* e não de homonímia**, todavia a sociolinguística trata daquilo que se encontra em uso, independente de ser aceito como correto ou não. Mas minha caminhada e o planejamento de meu texto se perderam na audição momentânea de uma canção, e a aula de semântica vai ficando para a próxima.

Essa "canção não é mais que uma canção" como tantas outras que se ouve, quando rumamos em direção à labuta. Ela trouxe à tona a recordação de um ano atrás, momento no qual já havíamos posto no ar nosso site, hoje desativado - vale mais a pena estarmos nas redes sociais e termos uma presença mais dilatada que concentrar esforços num só espaço. Muitas coisas mudaram de lá até aqui, mas sem sombra de dúvida, sempre que eu ouvir aquela música, vou lembrar-me desta data. 

Nunca disse aos meus colegas de trabalho que o 25 de setembro tinha sido um marco na minha incipiente trajetória de empresário. Para eles, a Rede de Correções fora fundada no início do mês, quando ocorreu a abertura do site rededecorrecoes.com. A questão é que, particularmente, a Rede significou não só um marco na vida do empresário, mas também o início de um projeto de reconquista, interrompido por uma escolha alheia às minhas forças. Alcançar a independência, o poder de decidir, a autonomia de como investir são ambições de todos os empreendedores. Ruim é saber que algumas coisas na vida não funcionam como uma empresa particular, não dependendo, pois, de seu esforço para que deem certo.

Dos versos da música "Diz pra mim", de Nando Cordel, pude tirar uma analogia interessante sobre minha busca de consolidação no mercado. Quando o poeta cantava "Diz pra mim, o que fazer pra te conquistar", lembro bem, eu estava organizando o caos e realizando o planejamento para a conquista do mercado local. Aliás, lembrem que em "A nossa história - parte 1" , publicada aqui, em abril deste ano, foi revelado que a inspiração para a criação da Rede partiu do caos. Eu queria organizá-lo. Consertá-lo. Corrigi-lo.

Outras comparações vem à lembrança, quando me deparo com versos como "a gente sonha, a gente busca o infinito". Nessas palavras eu via se delinear o sonho do próprio negócio, com infinitas possibilidades de realização. Mas sem dúvida alguma, o que mais mexe comigo é o final da música, quando o artista diz "queria dividir contigo essa emoção". Naquele ano, fundei a Rede pensando num projeto de vida, mas não só para mim. Esse trabalho nas redes sociais, na verdade, deveria ser feito por outra pessoa, para quem eu cantava o refrão da música.

Hoje é seu aniversario, minha Rede. Hoje é seu dia, homônima. Ainda dividirei essa emoção com quem me inspirou a criá-la - anônima. Nas várias acepções da palavra REDE, sinto-me literalmente caído, imerso e ainda assim, grato. Quanto ao refrão, continuo pleonasticamente a cantá-lo, mesmo que não mais seja ouvido. Já ao ícone inspirador, desejo o melhor. E sigo aqui, tocando a Rede, planejando a próxima aula de relações semânticas, para postar neste espaço e ajudar aqueles que gostam de refletir sobre a língua. Quando quero emocionar-me, ouço a bela música.*** E como diz o personagem da vez, "é oooosssso!!!"

Robson Santiago

*Palavras homônimas se caracterizam pela semelhança gráfica e sonora. Algumas são grafadas exatamente iguais, mas possuem minimas diferenças de som; outras são iguais no som e diferentes na grafia.

**Palavras parônimas se caracterizam pela semelhança sonora, mas sempre com diferenças mínimas na grafia. São distintivamente marcadas por uma ou duas letras, no máximo.  

sábado, 17 de setembro de 2011

Ficai atentos ou sejai atropelados pelo Carro Velho.

Já andei tratando em nosso twitter @rededecorrecoes de um tema ao qual se tem dado pouca atenção nas redações jornalísticas: o uso equivocado, quanto ao padrão gramatical, da contração entre a preposição DE e o pronome pessoal ELE (ou ELES). É comum passar despercebido esse detalhe, pois parece mais fácil, rápido e coerente dizer "o fato deles entenderem", por exemplo. Aí surge uma ambiguidade que não se pretende provocar, mas que se poderia evitar, caso o uso adequado do pronome ocorresse.

A questão é que poucos atentam para o fato de que o pronome ELE, quando utilizado na função de sujeito de uma verbo, não se combina com preposição alguma. Aliás, nenhum pronome pode ser sujeito sendo combinado a uma preposição. Dou um exemplo retirado de um jornal local, mais precisamente do caderno cujas notícias versam sobre política. Omito a fonte por questões éticas, lógico. Mas não poderia deixar de transcrever o trecho, porquanto seja nossa função a observação e o zelo pelo uso do idioma. Então, vejamos:

"Assessores do Planalto informaram que a presidente teria mandado um recado ao presidente do Senado com relação à sua expectativa de sancionar o quanto antes a proposta. O impasse com Sarney e Collor se deve ao fato deles defenderem o sigilo eterno para documentos ultrassecretos."

Ora, se considerarmos que DE + ELES = DELES é usado em caso de complementação (nominal ou verbal), entenderemos que o FATO é dos dois senadores (deles), é pertencente a eles, provocado por eles. Nesse caso, é o fato que defende o sigilo; temos, pois, uma incoerência e um "erro" de concordância verbal, porque o texto caminha para o sentido de os senadores defenderem o sigilo, não de o fato defender. 

Para evitar esse tipo de leitura, de incoerência, de inadequação, é preciso separar preposição e pronome, reformulando a construção para "...se deve ao fato DE ELES defenderem...". Exercitando, observemos outros exemplos abaixo:

A política está perdendo credibilidade. É hora dela reagir. 
CORRIGINDO: É hora de ela reagir.

As pessoas não veem que está chegando o momento delas ficarem mais atentas: aí vem eleição!
CORRIGINDO: ...momento de elas ficarem mais atentas.

O mesmo acontece quando se contrai a preposição com artigo, produzindo frases como "Hoje é dia das pessoas votarem." Não, o dia não é das pessoas; é dia de elas votarem. Logo, "de as pessoas" é a construção padrão a ser produzida. No entanto, essa minúcia parece não ter muita relevância para alguns "escritores" de plantão. Eles simplesmente têm atropelado tal detalhe, embora encham a boca para criticar outros deslizes dos falantes comuns. Nem todos, claro! Mas lembram da polêmica do livro que ensinava a falar/escrever errado? Quem criticou o livro do MEC e sabia discernir esses usos aqui expostos? Assuma! É ou não é complexa nossa língua?

É bom ficar atento aos detalhes da "última flor do lácio", para poder fazer jus ao título, ao cargo a à função que se ocupa na sociedade. É bom também evitar tecer críticas a outrem, pois como costumo dizer aqui, a língua é viva, sujeita a mudanças, pertencente ao povo que dela faz uso - e não a esse ou aquele grupo de letrados - e cheia de pequenos detalhes,  muitos dos quais são desconhecidos por usuários comuns, não especialistas na pesquisa linguística, ou mesmo por usuários mais hábeis, porém desatentos à velha gramática escolar.

Então, caros redatores, editores, revisores e escritores, ficai atentos ao detalhe da contração entre o DE e os pronomes, para que não incorrais em deslizes que possam passar despercebidos à população desavisada, menos letrada; mas se cair na Rede... Aos críticos, posto a seguir um link com o áudio de uma aula de português maravilhosa, ministrada pelo Prof. Carro Velho. É claro que o autor daquele trecho supracitado que analisei aqui não se compara ao nosso mestre dos neologismos, mas seria interessante que entendêssemos que ambos são brasileiros, falantes da mesma língua e que, em menor ou maior quantidade e importância, ambos comentem deslizes quanto ao uso padrão da nossa língua portuguesa.

http://youtu.be/zwFJGC1FjPQ

Robson Santiago

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Condição "sine qua non" para alcançar a independência linguística

Na Era Medieval - que me perdoem os historiadores, se eu estiver errado - a Igreja pautava suas orações mais "fortes", nas celebrações, pelo uso do Latim. Pelas terras brasileiras, na época da Colônia, era comum os padres reservarem um trecho importante da missa para falas no idioma clássico. Há quem diga que esse era um recurso utilizado pela Igreja para distanciar-se do fiel, no que concerne à hierarquia. É que toda língua reflete uma relação de poder, e o Latim, pronunciado pelos eclesiásticos, funcionava como uma demonstração de superioridade do falante - era a língua santa, privilégio dos "iluminados".

Hoje em dia, no Direito, expressões latinas são constantemente utilizadas nos textos oficiais, tanto orais quanto escritos. Falasse em processo INITIO LITIS, defesa ABSENTE REO, condição SINE QUA NON,  entre outras expressões através das quais "a língua mãe" se faz viva. Aliás, cabe aqui um adendo aos menos esclarecidos sobre a ciência linguística: o Latim é considerado língua mãe não por ser a primeira língua do mundo, mas sim por ter originado outras, como o Português, o romeno, o italiano, o espanhol; e ter influenciado a formação do inglês e francês também. Antes dele, no mesmo tronco, houve o Sânscrito. Na verdade, havia línguas orientais bem mais antigas que nosso velho Latim.

Contudo, vem dele - e da cultura romana - grande parte dos princípios que fundamentam o Direito ocidental. O que nos provoca a discussão nessa postagem é o fato de que as expressões latinas, próprias do universo de discurso jurídico, têm sido usadas por outros "iluminados", que não mais representam - oficialmente - a palavra divina, mas que estão no topo da hierarquia política. Um certo presidente já fazia moda, pouquíssimo tempo atrás, falando em "condição sine quo non para erradicar a pobreza." Recentemente, outra "figura" atentou contra o desconhecimento linguístico de milhões, ao se expressar em defesa da classe política, dizendo que em seu governo ninguém se "locupletava". É o privilégio de deter o conhecimento sobre a língua que permite aos ditos "iluminados" de hoje em dia comunicar-se (ou não) dessa maneira publicamente.

Por outro lado, cabe a um povo dividido entre adeptos de Chico Buarque, Noel Rosa, Vinícius de Moraes, Ivete Sangalo, Leonardo e os "sábios" Mcs do Funk e do Brega discernirem melhor o uso do idioma, nas suas modalidades - oral e escrita. Apoderar-se dos diversos recursos à disposição numa língua é tudo que deve fazer um usuário competente, para atingir a independência e ampliar sua competência linguística. Independência esta que é trocada muitas vezes pelo conformismo de receber da imprensa - muito bem letrada - as explicações sobre as falas dos figurões. Aliás, sempre que o FHC saía com as suas, lembro bem, havia um ou outro jornalista que ía às ruas para perguntar se o povão conhecia determinada palavra e etc.

O papel da imprensa está e sempre esteve muito bem claro por aqui: informar. O papel do político é representar, mas ele precisa lembrar que representa uma diversidade, não um seleto grupo que conhece minúcias da nossa língua ou particularidades daquela que lhe deu origem. O papel do eclesiástico deveria ser levar "a boa nova" aos que dela necessitam, como representantes do divino que se auto-proclamam. E digo assim porque Ele não disse publicamente quem o representa, apenas ensinou, segundo as sagradas escrituras, o que se pode fazer em seu nome. E não estava incluso nos seus mandamentos não se fazer entender.

O papel do povão, meu e seu é buscar conhecer sua língua em todas as suas variedades, sem relegar nenhuma ao discriminado status de falar errado; ou de falar bonitinho, porque há também quem discrimine o falar padrão. É preciso ter como condição sine qua non  de uma nação forte, um povo conhecedor de seu idioma de maneira competente.

Aconselho, portanto, aos estudantes que não se dedicam ao Direito apoderarem-se de termos latinos também. Um a priori não está presente apenas nas sentenças judicias. Está em qualquer ação acadêmica, no âmbito da pesquisa; está em redações de jornais, de revistas comerciais. Um apud, então, está em todas as referências de uma dissertação, de uma monografia. Do mesmo modo estão o in, o et ali, o etc. A língua portuguesa de hoje mantém vivas práticas linguísticas do Latim, que não se podem confundir com os falares iluminados dos figurões supracitados. Fiquem atentos a isso, se quiserem sua independência linguística!

Robson Santiago

P.S. (Post Scriptum)
Seguem alguns links de dicionários de expressões latinas, os quais encontrei pela web. Contudo, é sempre bom consultar um livro especializado.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Otário é o sapo?! E o que você ANDA fazendo?

No corredor da escola, um aluno brada ao colega: "Logo, mermão! Oxxxi... Bora logo que o professor vai querer amanhã, vei." Ao passo que seu colega: "Vai dá tempo não, otário... vai dá não! Ele pediu hoje..." O primeiro retruca, condenando o desacreditado parceiro de atividade: "Após te fff..." Segue-se um gesto de desprezo, e eles caminham para lados opostos. Crente de que não deveria esperar, o aluno vai em direção ao corredor que antecede a sala de leitura e de lá sai minutos depois com um livro embaixo do braço, mochila nas costas e sorridente. Pelo portão de saída passa e comunica ao professor: "Vou levar pra fazer o trabalho logo, viu professor?" E lhe é perguntado: "E teu colega, quer fazer não é? Aí o otário é tu?" Resposta: "Num é... Depois fica pedindo resposta na sala... Vai é soltar pipa... Vou fazer logo... Otário é sapo que tem quatro pata e anda pulando!"

A cena se deve à solicitação de atividade atrasada que os dois colegas deveriam concluir de um dia para o outro, porquanto tenham perdido o prazo inicial. O livro que viaja embaixo do braço contém as informações necessárias e havia sido indicado pelo professor do portão, horas antes. O dito refente ao sapo indica toda a satisfação e confiança do garoto com relação àquilo que estava fazendo: adiantando seu trabalho atrasado. Mas como adiantá-lo. A lógica, para ele, reside na ideia de que deixar para o outro dia o que se pode fazer "neste" é perder tempo, no discurso de que, quando se tem o recurso à disposição, optar por outro é enveredar pelo caminho do erro.

Semioticamente falando, a narrativa inicial revela uma auto-confiança e um querer-fazer muito fortes no garoto que pronuncia o dito do sapo. Falo em semiótica porque esta é uma área da ciência linguística que se volta para a análise da significação dos textos, dos discursos. Para chegar ao resultado dele, percorre-se um caminho de análises a ponto de descobrir o percurso que gerou os seus sentidos. Aqui, destaco apenas uma das três etapas: a que está na esfera da superfície do texto, mas que não se compreende sem que se tenha noção das duas demais. 

Atentemos para o verbo ANDAR, que é usado no ditado do sapo. Ora, será que sapo não anda? Anda sim. Mas no sentido de andar como deslocar-se ou como constância de algum ato? O garoto, em seu desejo (QUERER) e convicção (PODER-FAZER), é motivado pelo discurso de que não se deve deixar para amanhã o que se pode fazer hoje. ANDAR, portanto, não se refere aqui ao ato de locomover-se apenas; está ligado à constância de ações, ao comportamento corriqueiro. O sapo tem o recurso das quatro patas para deslocar-se habilmente e dela faz uso para saltar e percorrer maiores distâncias. No entanto, o garoto não atenta para esta realidade. O discurso constitutivo do ditado é de menosprezo ao sapo: suas quatro patas são mal utilizadas, segundo este olhar popular. Cientifico, anatômico e biologicamente falando, sabe-se que o sapo é dotado de recursos invejáveis! Mas não é esse o olhar da criança.

ANDAR, pois, é a constância de uma ação. Por exemplo, digo que ando escrevendo com maior frequência aqui. Tenho feito isso. O sapo tem feito aquilo a vida toda, mas no caso da cena narrada, lá no início, constrói-se uma imagem mais imediatista, porquanto seja imediata a negativa do garoto à ação do colega, que prefere atrasar ainda mais aquilo que já está atrasado. Ele não quer o vulgo de otário, por saber que dispõe de recursos para não sê-lo, que tem a capacidade de adiantar-se, que pode fazer a atividade antes do que seu colega prevê ("Vai dá tempo não, otário").

ANDAR está na superfície do texto como um indicativo de frequência, mas que também leva à leitura do ato de locomover-se. No caso dos garotos, vejo a primeira interpretação como a mais cabível ao discurso do aluno, porque ele nega a frequência de atrasos nas atividades, ao decidir atender à solicitação do professor logo no dia em que ocorre. Ele quer ANDAR completando as atividades com antecedência e não atrasando por causa de pipas. Particularmente, acredito que o sapo não tem nada de otário, seja seu ANDAR de constância ou de locomoção. Até porque ele anda (locomove-se) quando é preciso e anda fazendo (tem feito) coisas bem mais interessantes que muitos seres humanos, como o controle ambiental, por exemplo. 

"Otário é quem chama" devem estar dizendo (andam dizendo) os sapos, que coaxam noite adentro, nos rios poluídos por cima dos quais passam aqueles garotos todos os dias, após largarem da escola, com livros embaixo dos braços e mochilas nas costas. Uns para fazer valer o discurso de otário e não aproveitar melhor o tempo que tem; outros para tentar, ainda que pareça impossível a curto prazo, mudar sua realidade miserável através da aquisição do conhecimento - bom saber que muitos tem o desejo de mudá-la dessa forma! Mas isso sapo algum precisa fazer, uma vez que já "conhece" tudo de que precisa, nasceu conhecendo, e "sabe" bem o tempo que tem.

Robson Santiago

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O vendedor de chocolate, a criança e os verbos irregulares

Dentro do trem urbano que em minha terra chamo de metrô, um rapaz começou a andar de uma ponta a outra do vagão, gritando: "- É Fresh, é? É Fresh? Vai querer Fresh? Só cinquenta a cartela! Se tá me olhando é porque vai querer, né? É Fresh, é?" Na ponta contrária, um vendedor de chocolate, com 5 caixas na mão, a oferecer também seu produto ao estressado passageiro, que não vê a hora de a viagem terminar.

Interessante é que nenhum dos dois chamava a atenção, só o atirado das pastilhas Fresh é que recebia alguns olhares mais despretensiosos. Num rebento, o vendedor de chocolate arreia calmamente as caixas ao chão, no meio do vagão, e solta seu repertório: "Chocolate é a cinquenta! Chocolate de setenta por cinquenta é só aqui. Lá fora é mais caro, viu? Quem não pediu PIDA logo, porque PEÇA é de carro. E esse não quebra na chuva!!!" Imediatamente os despretensiosos olhares voltaram-se cheios de interesse para aquele rapaz. Em meio a esse e outros trocadilhos linguísticos cheios de pretensão de vender mais, o esperto do chocolate foi arrebatando sorrisos e moedas de R$ 0,50 e R$ 1,00 para encher seus bolsos. 

Ao presenciar tal feito, um conhecedor das minúcias linguísiticas de nosso idioma chegou a se assustar, quando ouviu o PIDA pronunciado por uma pessoa adulta. É mesmo desinteressante e triste que alguém tenha um nível de semi-analfabetismo tão evidente a ponto de falar a conjugação PIDA. Acontece que esse susto durou frações de segundos, porquanto o rapaz do chocolate tenha demonstrado rapidamente e claramente que se tratava de um trocadilho intencional para ganhar a atenção dos passageiros do metrô. 

Ora, o especialista logo se voltou à fala da criança, que no processo de aquisição da linguagem, sofre com as irregularidades da língua. É comum ver os pequenos pronunciarem verbetes como: PIDA, FAZI, FAZO, SABO, PODO e outros. E cito apenas esses exemplos de irregularidade verbal das crianças, porque se for entrar naquelas que pregam "peças" nos adultos, como as conjugações de COMPETIR, FALIR e ADEQUAR, nosso argumento ganha força logo de início. Contudo, vou ganhar sua opinião, amigo leitor, um pouco mais à frente. Voltemos à criança, pois.

Os pequenos não conseguem compreender porque o verbo é FAZER e eles não podem dizer FAZO, quando o podem fazer com BATER - BATO. A própria gramática normativa, prescritiva, trata de assumir que estamos diante de verbos irregulares, cujos radicais sofrem alterações diante de determinadas conjugações. Existem também os defectivos e anômalos, que passam despercebidos pelas crianças, que dizem, por exemplo, "eu era" e nunca "eu sera" - e o verbo é SER, viu?. Tudo bem que esta forma não exista na língua padrão, mas FAZO existe por acaso? A questão é lógica, então, nobre leitor! As crianças não inventam a língua; apenas são submetidas a ela. São forçadas a aprenderem, se quiserem comunicar-se com os adultos. Para elas, portanto, se se pode dizer BATER - BATO, então é lógico que também se possa dizer FAZER - FAZO, DIZER - DIZO, SABER - SABO. E PIDA seria só uma questão de coerência, sob a ótica da criança; mas para um vendedor adulto... É marketing!!!

Entretanto, a língua portuguesa tem lá suas incoerências, suas irregularidades particulares, às quais devemos nos ater, aprendê-las e, quiça, com elas brincar, tal como o vendedor de chocolate. Para ele tiro o chapéu e  lhe dou o título de mestre, vez que o mesmo soube como poucos ambulantes dentro de coletivo - olha que irônico! - ganhar a atenção de pessoas paradas, cansadas de viagem, talvez esfomeadas. O rapaz sabia bem o que estava fazendo. Se não era um analista de discurso, era um discursante bem competente! O uso do PIDA em vez de PEÇA teve nitidamente a intenção de brincar com nosso conhecimento linguístico, pois não nos deparamos com a conjugação irregular homônima ao substantivo ao qual de referia o sábio vendedor (PEÇA de carro). Foi, na verdade, uma piada muito bem pensada! Sem contar que estávamos todos no metrô!

Fico com a pureza da resposta da criança que me diz "FAZI, papai", sempre que pergunto se ela fez a tarefinha que a tia passou. Afinal, ela sabe o que fez; só não sabe, ainda, que existe outra forma de dizer. Fico também com a esperteza daquele vendedor de chocolate, que surpreendeu a muitos, demonstrando grande habilidade com a língua, pelo menos no que se refere à capacidade de com ela jogar. Aliás, piada é mesmo um jogo de linguagem. Fique, assim, amigo leitor, com a opinião de que a língua nos surpreende a cada momento em que nos deparamos com o uso incomum ao nosso reduzido léxico. Considere normal não saber conjugar LOCUPLETAR, APAZIGUAR, REQUERER, APRAZER, ROER, ARGUIR, SORTIR, CABER e EXAURIR, se não faz leituras nas quais se faça presente tais conjugações. Ganho sua opinião, caso esteja de acordo com a minha neste momento.

Sem querer brigar, dou-lhe um presente: um link http://linguistica.insite.com.br/cgi-bin/conjugue para que você vá direto ao ponto, à ferida, e confira aquelas conjugações que julga saber. Oxalá saiba mesmo, uma vez que signifique uma independência para você! Se não, bem vindo ao reino dos normais, pois o que se diz padrão está longe de sê-lo. Aliás, padrão é aquilo que serve de exemplo para a feitura de outros. Mas só se pode seguir exemplos que são dados. Se não lhe deram o exemplo de como conjugar PUIR, dificilmente você achará que essa palavra é padrão de algo. Ao menos o vendedor de chocolate sabia que não iria FALIR.

Robson Santiago 


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Dica mais lida reeditada


Dica do Dia

PALAVRAS USADAS SÓ NO PLURAL VERSUS SINGULARIZAÇÃO PELA FORÇA DO HÁBITO

Existem em nossa língua algumas palavras que possuem ideia plural e, por isso, não são usadas no singular. Não se trata de substantivos coletivos, mas palavras que são morfologicamente plurais. Um caso bem interessante é o da palavra ÓCULOS, que não admite concordância singular, quando se refere ao objeto que colocamos nos olhos. Esta, por sua vez, pode ser usada no singular ou no plural: 

Ex.: "Me olha nos OLHOS e diz que então me quer." OU "Estou de OLHO em você, faz tanto tempo que nem sei."

Ora, com ÓCULOS existe uma tendência à singularização, quer chamem de hábito, costume ou vício de linguagem. Preferimos adotar a terminologia científica, que define esse uso como VARIEDADE NÃO PADRÃO DO PORTUGUÊS. Assim, algumas pessoas dizem:

Meu ÓCULOS quebrou. Tá quebrado há muito tempo!

CORRIGINDO:

Meus ÓCULOS quebraram. Está quebrado há muito tempo!

Mesmo se referindo a um só objeto, a palavra é plural, e suas concordâncias (verbais ou nominais) devem ser realizadas no plural. ÓCULOS se refere a um aparelho composto por duas lentes (cada qual é um ÓCULO)

Assim como ÓCULOS, outras palavras são usadas só no plural:

FÉRIAS = período de repouso, com mais de um dia claro!

NÚPCIAS = uma noite só ninguém merece!

TREVAS = embora os jovens insistam em dizer que "É a treva", o mal é coletivo, infelizmente!

ARREDORES = porque há várias coisas ao nosso redor!

AFAZERES = no singular é só para quem tem preguiça de trabalhar!

Brincadeira à parte, substantivos só usados no plural existem porque sua ideia é plural, e seu uso no singular faz pouco (ou nenhum) sentido em nossas práticas de linguagem.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O contraditório da solidão

"As pessoas estão vazias. As pessoas estão cheias de nada." Diz assim a letra de uma certa canção, creio que não muito conhecida nos dias de hoje, nos tempos de "Liga da Justiça dominada". Mas é bem representativa, uma vez que aponta justamente aquilo que ocorre nesses novos tempos: o império da solidão. 

O homem quis assemelhar-se a Deus, quis buscá-lo para olhar frente a frente. Contudo, o mesmo patamar da Divindade é sonho impossível, ao menos diante dos recursos e ideias limitadas que a humanidade detém. Em seu poço de solidão, o ser humano busca satisfazer a si próprio, ao relacionar-se com os próximos, independente do método e dos recursos que use.

Na era moderna, valendo-se da escrita, o homem romântico, através das palavras, buscou a liberdade que lhe conduzia à morte. No entanto, esta, sim, era sua libertação, porquanto fora escravo da solidão. Era a liberdade de decidir até quando viver, contra a solidão de a ninguém merecer.

No mundo contemporâneo, as palavras continuaram sendo escritas, mas sendo enviadas instantaneamente. É e-mail, é celular, iphone, ipod, "ioquemaisquiserem". E o ser humano quis ser auto-suficiente no sentimento. Bastava apenas "usar" umas pessoas aqui e outras ali, suprindo suas necessidades fisiológicas, sexo-lógicas. Todavia, de volta ao seu mundo sem o aparato tecnológico, volta à solidão.

Dizia o poeta que a chegada da "indesejada das gentes", independente de como venha, poderia ser por ele recebida no medo ou na alegria. Certo é que ouviria seu vulgo certo: iniludível! Porém, o homem ainda acha que, antes dela chegar, é possível suprir a sua sina solitária nas palavras ditas e escritas no espaço público da internet, nas redes sociais.

Uma "acessada" aqui e outra ali não é diferente de uma "ficada" concreta aqui e outra ali. Os homens continuam mentindo, mesmo que virtualmente, pois escondem que são solitários, que estão vazios. Cheios de tecnologias, às vezes dinheiro, noutras expectativa dele; ainda assim, vazios. Têm o controle remoto nas mãos, mas suas mãos não estão preenchidas realmente. Têm o a tela à frente e o mouse sob si, e ninguém mais, e nada mais!

O mundo está vazio... As pessoas estão vazias... Descarregam nas redes sociais suas frustrações, porque lhes falta um social de concreto. Agora, vai perguntar quem quer se preencher, que a resposta é quase unânime.: "Eu quero". Mas a questão é: disponho-me a relacionar-me concretamente com o outro, ou minto para ele, com o intuito de manter minha liberdade de "acessar" aqui e ali?

Como em muitos casos a escolha é a segunda opção, o homem continua vazio, porquanto não tenha nada, ainda que assuma ter, que escreva ter. E assim acontece, todos os dias, até a indesejada chegar, como queria o poeta, e findar a solidão disfarçada ou assumida, ainda que tivera sido manifesto o desejo de findá-la antes.

O mundo está vazio! As pessoas preferiram o vazio. É mais cômodo, embora doloroso. Relacionar-se  dá trabalho e não promove momentos duradouros de alegria. A solidão, que "devora, que faz nossos relógios caminharem lentos", ilude, entretanto, também acaba um dia. Basta decidir pelo concreto. Do contrário, acabará somente quando deixar de sê-lo.  Tornar-se apenas lembrança.

Robson Santiago

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Redação revisada pelo REDENEM

A prática de produção textual não é só uma questão de hábito, mas também de incentivo. Dizemos isso porque sabemos que há atividades profissionais que prescindem da redação, e não nos deteremos em detalhá-las. Lembramos apenas que jornalistas, publicitários, secretários e outros profissionais costumam redigir pelo menos um texto por dia, quaisquer que sejam os motivos. Contudo, no caso de estudantes, principalmente candidatos ao Enem, redigir textos é uma questão de incentivo. Este provém da observação alheia, da aprovação de um olhar de fora, em geral de pessoas próximas ou professores. Obervação e correção que podem culminar com uma publicação, por mérito. Assim, publicamos a redação de um estudante que resolveu "encarar" um dos temas do REDENEM - O papel das redes sociais na busca de oportunidades no mercado de trabalho. Com sua devida autorização e nossa correção em alguns trechos, segue o resultado.

Empregos digitais

Em pleno século XXI, com a utilização da internet, as redes sociais se popularizaram em todo o mundo. São milhões de pessoas, de todos os lugares, que possuem contas em diversos sites de relacionamentos, e esse número parece crescer a cada dia. Em meio a esses milhões de pessoas de todas as faixas etárias, existem muitas que estão à procura de emprego e utilizam as redes sociais para auxiliar nessa busca.
A utilização das redes sociais para esses fins também cresce a cada dia. Digamos que o principal motivo seria a facilidade e a agilidade que elas proporcionam tanto para a empresa, na divulgação das vagas, quanto para os candidatos que estão à procura de emprego. Os sites de relacionamentos são ferramentas que se bem utilizadas podem ajudar a conseguir as vagas desejadas, já que as empresas constantemente sondam essas redes à procura do que elas julgam ser bons funcionários.
Mas só ter uma conta num site de relacionamento não adianta, as empresas têm critérios para escolher seus futuros contratados e o que eles expõem nesses sites é minuciosamente observado por elas. Informações que estão nos perfis das pessoas, como comunidades que dizem, por exemplo, “odeio acordar cedo”, são determinantes na hora da decisão entre concorrentes de uma mesma vaga. E, nesse caso, a decisão é negativa.
Vimos que as redes sociais são importantes ferramentas para quem procura uma vaga no mercado de trabalho, que está cada vez mais competitivo. As empresas utilizam essa ferramenta por ser uma maneira mais ágil de encontrar o que elas procuram, e os candidatos para mostrar seus trabalhos e qualificações. Por isso, é importante também ter muito cuidado com o que posta nesses sites de relacionamento, pois cometer deslizes como, por exemplo, ofender alguém via rede social pode custar a sua vaga naquela empresa desejada.

Por Dayvson Leite dos Santos

domingo, 24 de julho de 2011

Novo ciclo Redenem

Dando início a uma novo ciclo de três temas, apresentamos a proposta 04 de nosso preparatório on line - REDENEM: A Cultura da Paz começa em cada um de nós. Com o eixo principal na Cultura da Paz, essas propostas lhes servem para que auto-avaliem sua capacidade de expressar opiniões sobre problemas universais. Todo universitário deve ter comprometimento com uma postura sócio-política voltada para o bem-estar comum da sociedade em geral, e a Cultura da Paz é um largo passo para isso. Assim, é interessante que candidatos ao meio acadêmico se familiarizem com temas dessa natureza e que demonstrem, para empregadores futuros, que possuem responsabilidade para lidar com o futuro de nosso planeta, pois este a eles pertence.


segunda-feira, 11 de julho de 2011

PROPOSTAS TEMÁTICAS REDENEM - PRIMEIRO CICLO

Estamos começando o REDENEM - Curso Preparatório de Redação para o Enem que a Rede de Correções oferece pelo segundo ano consecutivo. Ano passado, quando lançamos a Rede, não divulgamos esta iniciativa nas redes sociais e, para falar a verndade, não as víamos com bons olhos.

Hoje, mais bem informados sobre o funcionamento desses recursos, retomamos ideia justamente com esse mote. Mesmo que no REDENEM você tenha a possiblidade de escolher uma dentre três opções temáticas para redigir um texto, postamos as todas as opções desse primeiro ciclo relacionadas às redes sociais.

Na primeira, você tem a difícil - mas interessante - tarefa de falar dos males mentais e/ou psíquicos causados pelo excesso de uso das tecnologias do mundo digital
https://rapidshare.com/files/2086212122/PROP_RED_C1.01redenem.pdf

Na segunda, é a vez de analisar o advento das redes sociais sob a óptica do mercado profissional, o que se configura numa boa chance de demonstrar seu conhecimento sobre a utilidade desses recursos no mundo do trabalho.
https://rapidshare.com/files/1503219015/PROP_RED_C1.02redenem.pdf

Na terceira, por fim, há a chance de você apontar como as redes sociais influenciam a educação escolar, seus pontos positivos e negativos e discutir a validade dessa união, para muitos tida como revolucionária.
https://rapidshare.com/files/3779842063/PROP_RED_C1.03redenem.pdf

Todas as propostas estão contextualizadas e possuem textos de apoio para lhes ajudar.Aproveitem esta oportunidade que lhes oferecemos de praticar a escritura formal de textos com a possibilidade de aprender com suas próprias produções, e não com manuais prontos, repetitivos e que não permitem interação. Caia você também nesta Rede!

Equipe Rede de Correções

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Regulamento REDENEM (MODIFICADO)



1. REDENEM é um curso gratuito, online, direcionado a candidatos ao ENEM e promovido, pelo segundo ano consecutivo, pela Rede de Correções.


2. REDENEM funciona através das correções de redação enviadas para o e-mail rededecorrecoes@gmail.com, produzidas a partir de PROPOSTAS TEMÁTICAS elaboradas pela equipe da Rede de Correções e publicadas no BLOG www.caianarededecorrecoes.blogspot.com

3. Para ter acesso às PROPOSTAS TEMÁTICAS, o candidato ao Enem NÃO precisa REGISTRA-SE no site, PARA REALIZAR DOWNLOADS das referidas propostas. Basta enviar solicitação ao endereço de e-mail acima indicado, ou baixar pelo SLIDESHARE, após a publicação neste blog e no Facebook/rededecorrecoes.


4. A cada 15 dias (um ciclo), um grupo de 03 (três) PROPOSTAS TEMÁTICAS será disponibilizado para download, tendo o candidato/aluno direito a apenas uma revisão por ciclo. Ao término de cada mês, após dois ciclos de postagens das PROPOSTAS TEMÁTICAS, será transmitida uma web-aula a título de orientação coletiva, através do Twicast.me (serviço de transmissão de webcan) da Rede de Correções.

5. A Rede de Correções reserva-se o direito de revisar ou não mais de uma redação de cada candidato/aluno por ciclo, a depender da demanda e interesse do candidato/aluno em enviar outras redações.

6. O dia e o horário das orientações coletivas via Twitcast.me  serão agendados pela Rede de Correções, observando o interesse da maioria, e amplamente publicado em nossos canais de informação: site, Orkut, Facebook, Twitter e este blog.

7. A participação voluntária no REDENEM não constitui aquisição de produto ou serviço da Rede de Correções, não se caracterizando, portanto, como relação de consumo.

8. O candidato/aluno do REDENEM tem todo direito de participar ou não dos ciclos consecutivos a cada mês. Contudo, caso seja verificado que algum candidato/aluno registrou-se no site apenas para realizar downloads das PROPOSTAS TEMÁTICAS, não enviando redações para nossa revisão, este terá acesso bloqueado após dois ciclos consecutivos de ócio. (REVOGADO)

domingo, 3 de julho de 2011

Redação Vencedora do Concurso Carinho de Verdade

Para uma empresa de revisão de textos não há nada como revisar um bom texto. Durante a campanha Carinho de Verdade, que visa ao combate à exploração e abuso sexual de crianças e adolescentes, muitos textos forma publicados para abordar o tema. Mas nem todos se engajaram em escrever sobre isso,  a não ser textos de 140 caracteres com a tag #carinhodeverdade. Foi pensando num incentivo à campanha que aceitamos o convite feito pelo jornalista Jackon Rangel Vieira para que organizássemos um concurso de redação que premiaria em R$ 500,00 o vencedor. Estabelecemos os critérios e decidimos pelo texto da jovem Alexsandra Leite, em cuja produção realizamos algumas correções. Eis, portanto, o texto vencedor!


Concurso de Redação Carinho de Verdade
Tema proposto: “Abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes: como é possível combater?”
O ser humano sempre teve a necessidade de explorar o meio em que vive, mas em dias atuais os sinônimos de exploração não são mais os mesmos. Explorar, que em um passado recente teria sinônimo de pesquisa, análises, observações, hoje possui equivalência a abuso, sofrimento, amargura, dor, infelicidade e, em muitos casos, suicídio.
O abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes são problemas alarmantes em nosso mundo.  Atos desleais que geralmente ocorrem em ambientes onde há desigualdade, pobreza e exclusão social de crianças e adolescentes, principais alvos de exploradores que as usam para obter capital. Por não aguentarem mais um ambiente familiar de alcoolismo, drogas, brigas e agressões, esses jovens, muitas vezes, fogem de casa.
Projetos sociais de acompanhamento para famílias carentes e excluídas da sociedade, denúncias, combate aos crimes de tráfico de crianças e adolescentes, atuação mais engajada da sociedade são propostas que poderiam diminuir e futuramente extinguir o problema de exploração sexual no mundo. Além disso, acompanhamento psicológico para a vítima e familiares próximos, proteção legal seriam as propostas para as vítimas que infelizmente já sofreram esse tipo de abuso.
Além da punição aos culpados, o objetivo também é reintegrar as vítimas do abuso sexual, ajudando-as a abandonar o sofrimento, a amargura no passado e prosseguir a vida com seus direitos devidamente respeitados, uma vida com mais amor, dignidade e carinho de verdade.


Parabéns, Alexsandra!!!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Dica do dia 01/07/2011 by Rede de Correções

MESMO OU MESMA?

Interessante como a língua nos arma diversas arapucas, justamente pelo fato de que a fala não-padrão parece cada vez mais se sobrepor ao padrão escrito. No mestrado, lembro de um texto que dizia "eu mesmo não sei onde está essa língua padrão, que ninguém usa". Considero isso um pouco de exagero do autor, mas é verdade que o uso da variedade padrão de nossa língua ocorre em gêneros e espaços bem específicos de nossas práticas discursivas. Aí, reporto-me a um questionamento de uma amiga do Twitter: O certo é eu mesmo ou eu mesma? Ora, amiga, se você é uma mulher, deve dizer "eu mesma". É que "mesmo" nesse caso é adjetivo e concorda em gênero e número com o pronome eu

Contudo, essa palavra também pode funcionar como advérbio, o que impossibilita a concordância, posto que seja invariável. Nesse caso, o mesmo nem varia em gênero nem em número (muito menos grau). É o que ocorre quando se diz Nós vamos mesmo entender esse assunto. Todos não havíamos mesmo entendido antes. Em suma, "mesmo" não concorda com pessoal alguma, pois é advérbio que modifica o verbo IR e o  HAVER nas respectivas frases.

Segue a mesma tônica de mesmo, a palavra bastante, que não varia o gênero, porquanto seja adjetivo uniforme; mas varia em número (plural). Ex: Tenho bastantes dicas na cachola para postar / Nossas dicas tem sido bastante úteis para alguns seguidores. No primeiro caso, houve uma adjetivação, podendo ser trocado por "várias"; já no segundo, é advérbio de intensidade e pode ser alterado para "muito". 

É isso!

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Dica do dia 30/06/2011 para universitários

COMO INSERIR NÚMEROS DE PÁGINAS EM TCCs, MONOGRAFIAS, DISSERTAÇÕES E TESES.

Muitos clientes da Rede de Correções ainda têm dificuldades com o manuseio do Word 2007, principalmente na hora de inserir número de páginas em seus trabalhos acadêmicos. É que, nesses gêneros de texto, existem peculiaridades como a ausência de numeração nas primeiras páginas do trabalho. Fazemos isso aqui quase sempre, quando o cliente não nos envia o trabalho numerado ou com numeração equivocada. Como não somos mestres em informática, não nos arriscamos a escrever sobre essa tarefa, que tanto perturba alguns de nossos clientes. Assim, publicamos aqui um vídeo já bem conhecido dos internautas acadêmicos de plantão. Nele, destacamos, além da simplicidade da explicação, o jeitão calmo do professor e seu sotaque bem descansado. Aproveitem!!!


quarta-feira, 29 de junho de 2011

Dica do dia 29/06/2011 by Rede de Correções

MAIS BEM ou MELHOR?

Algumas pessoas estranham quando ouvem na TV ou leem nas páginas esportivas de jornal a seguinte frase: "A outra seleção estava mais bem preparada." A questão é bem simples. MAIS BEM é um comparativo que pode ser substituído por MELHOR. Contudo, em língua padrão, a substituição não ocorre nesse caso, embora na informalidade seja comum.

Detalhando melhor, o que percebemos é que "preparado" é modificado por "bem" e "mais" modifica os dois. Se modificasse apenas "bem", teríamos a conversão em "melhor". Ex.: Por esses dias, estude bem esse assunto / ...estude MAIS bem (LOGO, ESTUDE MELHOR). Assim, quando se usa o advérbio MAIS para intensificar apenas o BEM (ou BOM), tal conjunto pode ser substituído por MELHOR.

Ocorre, porém, que no exemplo de que partimos, o MAIS vem intensificar BEM PREPARADA, e não BEM apenas. Nesse caso, a frase que se diz em rádio, TV e jornais está dentro do padrão que se prega para nossa língua e que é dever da escola ensinar. Mas muita gente, de diversas classes sociais, profissões e níveis de escolaridade variados dizem por aí "A seleção estava MELHOR preparada."

Saibam, pois, que está última frase foge ao padrão culto formal, mas é constantemente usada. E funciona. Duvida? É isso!

sábado, 25 de junho de 2011

A metáfora da marreta nas lembranças dos cacos de telha

Interessante a gente se recordar da infância, quando chega à fase adulta. Nem tudo vem à lembrança tão claramente, mas certas façanhas parecem se eternizar. Eita... Tempo bom! O mais legal, porém, é quando nos damos conta de que alguma ação atual nossa tem um pezinho lá atrás. E é disso que quero falar aqui, agora.
Quando criança, eu adorava brincar naquele beco da casa de minha mãe, cheio de árvores; parecia um sítio: duas jaqueiras, três mangueiras, um enorme pé-de-colônia, cujas formigas me mordiam como se me quisessem devorar; mas eu adorava me esconder lá. E ainda havia aquele chão úmido no qual eu desenhava histórias; viajava, sentindo-me um herói de guerra. Minha mãe me dava poucos brinquedos. Éramos muito humildes... 10 irmãos! Lanchava farinha com açúcar... Ia à estrondosa Pipoqueira encher canecos de pipoca. Aliás, aqueles estrondos são eternos, ainda que hoje só se ouça louvor a Deus (Luz do mundo) no velho prédio da Pipoqueira.
Eu queria aqueles bonecos da Grow com aqueles carros de combate abarrotados de canhões, que disparavam mísseis com barulho proporcional ao da Pipoqueira. Adorava também os bombeiros da Playmobil, os heróis que a Estrela copiava dos desenhos animados... Como eu não tinha nada disso, fazia na terra minhas próprias histórias heroicas. "Tira a mão da areia, menino." Bradava minha velha!!! Bolas de gude... Pistas de corrida... Eu era o próprio Nelson Piquet contra Thierry Boutsen!
E os cacos de telha, hein? Aqui, sim, eu me sentia o máximo. Ninguém quebrava cacos de telha como eu: sempre no mesmo tamanho, sempre na mesma medida, com a marreta de seu Zeca, que só eu sabia onde pegar. Seu Zeca, aliás, nem ligava para minhas explosões fonológicas, quando a Patrulha Estelar riscava o chão do beco lá de casa, abatendo os inimigos. Os cacos de telha eram as bombas espaciais que se lançavam contra o terreno baldio, hoje um armazém de construção separado do beco por um alto muro.
O terreno era assombroso à noite. O beco só tinha graça de dia, pois à noite, sempre parecia que algo se escondia naquele beco escuro. Eu não ousava olhar. De dia, eu bombardeava o matagal que me assustara na noite passada. E os cacos de telha eram trabalhados como diamantes, para que atingissem o inimigo e causassem o dano perfeito: diminuição do medo. Um vizinho, certa vez, disse-me que fazia cacos também e me trouxe os dele para ao meu lado guerrear contra o Grande Pé-de-maracujá, que mais parecia uma fortaleza de galinhas e calangos ao brilho do sol. Sob as sombras das nuvens que encobriam a lua na noite, o Grande Pé-de-maracujá era o próprio ET! Uma aparição de Thriller.
Só que os cacos de meu vizinho não se comparavam aos meus. E ele não tinha como me garantir que havia sido ele mesmo o autor da arte. Fazia sem eu ver. Eu não. Quebrava os cacos no ato e lhe mostrava os segredos de como obter o caco perfeito. Mas a ele também faltava a ferramenta adequado: a marreta de seu Zeca.
Aí você se pergunta: o que tem a ver uma marreta e lembranças de cacos de telha com um revisor de texto, mestre em Letras e empreendedor? Digo-lhe que a marreta está para a habilidade de revisar um texto como os cacos estão para as produções daqueles que contrataram a Rede de Correções. Meus clientes são meu vizinho de infância, que sempre me levava cacos para eu lapidar. Seus textos, com todo respeito, são seus cacos, que necessitam de um olhar de fora, de um trabalho especializado. A marreta é meu conhecimento linguístico e experiência de trabalho. E minha batalha é contra os ETs da concorrência, que já não me metem medo, porquanto eu tenha aprendido a olhar para o escuro. Não há nada lá além daquilo que a Luz possa mostrar.
Resta agora concluir aqui o desenvolvimento de um método tão eficiente quanto aquele de quebrar cacos, no ato. Mas isso a Rede vai conseguir. Pode crer, caro leitor!

Robson Santiago

quinta-feira, 23 de junho de 2011

terça-feira, 21 de junho de 2011

Que a sutileza da fênix não se dobre aos urubus do momento

Dias atrás, nossa postagem voltava-se para a análise semiótica da canção Pássaro de fogo, de autoria da cantora e compositora Paula Fernandes. Em conversas com amigos e familiares, comentei o texto que redigi para este blog, e muitos ficaram surpresos com as conclusões a que cheguei. De fato, também me surpreendi com alguns resultados da análise. É que em semiótica há pouco de opinião e mais de significação. Na verdade, os resultados de um trabalho analítico com esse tipo de linha investigativa vão surgindo à medida que as facetas de um texto vão sendo desveladas. Desse modo, senti a necessidade de opinar não só sobre o que diz a música, que considero tarefa arriscada sem uma investigação mais profunda; mas pelo momento por que passa o mercado fonográfico brasileiro, decidi tentar compará-la a outros fenômenos de momento.

E aqui, mais uma vez peço licença aos profissionais da área, pois minhas observações são puramente empíricas. Quando me debrucei sobre Pássaro de fogo, coloquei a canção num contexto em que as músicas de sucesso vem e vão na velocidade com que precisamos chegar ao trabalho, embora percamos feio, em alguns lugares, para certos cantores e suas obras! Há um ano, vi Sorriso Maroto emplacar Amanhã como grande sucesso da vez e, com ele, causar delírio em shows. Com o ibope da novela Passione,  vi Lenine, que conheço de muito, estourar outra vez, embalado por Aquilo que dá no coração, música que ponho no mesmo patamar da canção da Paula. Mais precisamente neste ano, Zezé de Camargo e Luciano atingiram altos índices com Mentes tão bem, empurrada por Araguaia. Foi essa mesma novela que impulsionou a bela canção da cantora supracitada.

Outros artistas, de vários estilos, têm conseguido ascender com músicas em trilhas sonoras de novelas globais. E isso não é de hoje, só que também não quero entrar nesse mérito, porquanto me falte elementos e argumentos consistentes. Fica o registro de que o galã Luan Santana tem sido muito ovacionado pelos jovens, imediatistas, e põe Um beijo no topo das paradas musicais de rádios. Interessante é que essa canção compete diretamente com Amar não é pecado, também cantada por ele, e que está sendo tocada todo dia na novela Morde e assopra. Detalhe: o verbo ASSOPRAR existe no padrão, mas já ouvi gente dizendo que a Globo está sendo paga pelo Governo do PT para convencer o povo de que falar errado não é problema. Como se diz na gíria, aí "já é muita viagem!"

O que me traz aqui outra vez não é a intenção de comentar os motivos do sucesso desses artistas e suas canções. Quero ratificar que Pássaro de fogo, assim como a canção de Lenine, são diferenciais, com relação ao estilo de composição que normalmente agradam a massa e estouram. São canções cheias de metáforas ricas e sutilezas muitas vezes imperceptíveis aos ouvidos mais acostumados aos batidões e baladas simplórias de momento.

Volto-me aos jovens que curtem Um beijo e vejo uma sacada perfeita do Luan, ao valorizar um beijo em detrimento das palavras; ou seja, ação, contato em vez de teoria, desejo. É isso que os imediatas querem: viver experiências práticas, palpáveis. Em literatura, poderíamos dizer que ele está mais para Castro Alves que para Alvares de Azevedo, é claro, no que diz respeito ao conceito de amor que lhe move: carnal, e não platônico. Preocupa-me, no entanto, seu verso que diz "Um toque, muito mais que poesia." Entendo perfeitamente seu conceito, mas o vejo com pesar, uma vez que me parece uma ameaça aos esforços que temos feito para incentivar os jovens à leitura. Não creio que o Luan tenha pensado nisso. Acho apenas que ele quis atingir um público que, de fato, tem lido pouco textos longos e bem trabalhados e que tem ouvido músicas com as quais se identifica.

Contudo, a sutileza de Pássaro de fogo, na voz da Paula, tem superado estas particularidades do mercado, desbancando o próprio Luan, em números de vendas no início deste ano. Esta canção não é um relato de ações, como muitas são. Não é uma declaração clara e evidente de paixão. Há paixão, há ações, mas metaforizadas. É muito diferente dizer "Meu coração de vez se entregou / Confesso que estou apaixonado" de "Tão longe do chão / Serei os teus pés / Nas asas do sonho rumo ao teu coração."? É sim, pelo menos do ponto de vista da superfície textual. Mas em termos ideológicos, nem tanto. A mensagem de paixão, de entrega está presente nos dois textos, mas "cada um no seu quadrado." Creio que a Paula leva vantagem por proporcionar não só a embriaguez com a bela mensagem, mas também por propiciar reflexão.

Além disso, sua música está além do cotidiano. Isso é muito forte, por exemplo, no brega funk, que debatemos dias atrás. Também o é no forró estilizado, assim como no brega do Reginho, aquele lá de Abreu e Lima - PE, que cantou "Vou não, posso não, quero não, minha mulher não deixa não." Há coisa mais cotidiana que a dor de cotovelo de Amanhã? As canções simples, fáceis têm, lógico, seus méritos; mas não cumprem um papel fundamental da poesia, que é ressignificar, recriar a realidade. É realmente muito diferente dizer, por exemplo, que o amor é "vela de incendiar", que ele "atropela", que "avança sem ponderar", que dizer "Eu não sei de onde vem essa força que me leva pra você." Mas isso é questão de gosto também. E de desgosto para quem, já ouvi e tenho minhas ressalvas, chama de "carniça" esse estilo sertanejo, simplório, mas de valor. Aliás, o fantoche Coxinha, do Ceará, nada tem a ver com a discriminação dirigida aos artistas, hein!

Certo, porém, é que o Luan, com seu beijo declarado, aquela dupla de Mentes tão bem, com as afirmativas claras sobre a traiçoeira mulher, e outros, como Victor e Leo, que relatam os erros de uma ex-amada, em Boa sorte pra você, têm grandes méritos por se utilizarem da simplicidade na linguagem e tratar de situações cotidianas e sentimentos universais. Mas Pássaro de fogo, a meu ver, está acima deles todos, simplistas. Ela é um desejo de mulher, camuflado numa declaração masculinizada pelas concordâncias com o termo pássaro. Ela disfarça a sensualidade na sutileza feminina e não precisa mencionar o termo posição (da rã ou qualquer outra que seja) para nos instigar, ao falar em cavalgada sobre um corpo. Ela é um poço de auto-confiança, de determinação, porquanto intime o ser amado a se entregar, afirme que ele vai delirar e assegure que não mais será tão livre quanto seria ("Vai me pertencer").

Tudo isso, no entanto, já não é mais privilégio do mercado oficial. Já vi e ouvi, nos carrinhos dos piratas, o CD da Paula. Já escutei, ao passar frente aos bares de esquina, a alternância entre bregas, pagodes e ela. Já me parece que há um movimento de adesão ao seu estilo, à sua voz no mercado paralelo. Aí começa minha preocupação, pois a Fênix não pode se tornar um urubu de momento. Sua graça está na diferença, mesmo que esta seja pouco compreendida. É válido que sua disseminação atinja várias classes e diferentes adeptos. Só não concordo que a pirataria sabote o belo voo do pássaro de fogo que ressurge: a compra de CDs oficiais.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Os segredos de Pássaro de fogo

Certo dia, deparei-me com uma nota, num jornal, que louvava a cantora Paula Fernandes por ter atingido a marca de 700 mil cópias de CDs vendidos em menos de 6 meses. Capitaneado pela canção Pássaro de Fogo, de sua autoria, o álbum desbancou fenômenos pops e teens em termos de vendas em tão pouco tempo. Por não entender tanto de mercado fonográfico, peço licença aos conhecedores do ramo para analisar o sucesso que toca em rádios e ainda não se contagiou com a pirataria. Minha intenção aqui é apenas me debruçar sobre a letra e algumas nuances da talentosa compositora e cantora. Para isso, adotarei alguns conceitos da Semiótica Greimasiana, cujo objeto investigativo é a significação. Mas darei um toque mais popular que científico à análise, devido ao espaço de publicação deste artigo. 

Lembro de antemão que, ao assistir a uma entrevista com a cantora, com a apresentadora Angélica, já havia ouvido a referida música, mas não conhecia a quem pertencia aquela voz. Também ouvi trechos da mesma durante as visitas que fazia à casa de minha mãe, que não perdia um capítulo da novela Araguaia, da Rede Globo. De posse da nota a que fiz menção anteriormente, resolvi procurar na internet a letra e algum vídeo que me desse uma noção mais detalhada. Fui surpreendido com tamanha sutileza! É essa a definição, portanto, que dou a Pássaro de Fogo: sutileza de mulher.

Semioticamente falando, todo texto se baseia na busca de um valor, quer seja a felicidade, a riqueza, o (re) conhecimento, a satisfação, a aceitação. É este último que move mais intensamente o texto aqui discutido; só que, para conquistar tal aceitação, o sujeito enunciador que fala na canção escolhe o caminho da conquista com uso da sutileza, mas firme e confiante. Aí aumenta minha admiração por esta obra, que aparentemente veicula um discurso masculinizado cultural e linguisticamente. Sob a ótica da cultura de nossa sociedade, ainda machista, é o homem quem toma a iniciativa nas relações afetivas entre casais heterossexuais, diga-se de passagem! Natural então ouvir um conquistador dizer "Vai se entregar pra mim / Como a primeira vez (...) Vai me pertencer." Mais isso está mudando. Que bom!!!

Sob a exegese que pretendemos adotar, observando as facetas da linguagem, a canção também parece caminhar para o mesmo sentido. Nesse caso, é a própria língua portuguesa que nos deixa marcas de um possível enunciador masculino, o que se evidencia já no título: pássaro de fogo. É que na língua portuguesa não existe uma forma feminina para a palavra pássaro, senão com intermédio da palavra fêmeo. É o que chamamos de substantivo epiceno. Em outros trechos o tom masculino parece ganhar reforço, como em "Te amando feito um louco", para o qual louco é mais que a generalização de um comportamento doentio, e sim denominação masculina para um homem perdido de amor.

Destaco também - e aí me parece um discurso bem masculinizado - o trecho "Minha alma viajante, coração independente. / Por você corre perigo." Chamo atenção para o valor que busca boa parte dos homens em nossa sociedade: liberdade. Sentem-se presos, ao se relacionarem seriamente com uma mulher. Daí o sujeito enunciador falar em "perigo" ao seu "coração independente". Acontece que este suposto homem quer isso, ao afirmar querer ser "bem mais que um amigo". Pois bem, é ele que quer "se amarrar", ou seria o desejo dela de que assim ele procedesse? 

A sutileza da canção, transmitida pelas metáforas simples já são um indicativo do motivo que leva a música ao sucesso. Mas essa conjuntura nos leva também a uma outra interpretação do texto. A história mostra que muitos poetas e poetisas assumem um eu poético de gênero oposto em suas obras. Então, aqui poderia ser mais um exemplo? Muitos entendem que sim. Contudo, ouso dizer que existe um eu feminino que fala como homem, mas que deixa suas marcas femininas implícitas, as quais buscamos recuperar com a análise da significação. Para que esta exista, é necessário um significante, parte "concreta", expressa; e um significado, parte  "inteligível", latente. Aliados a isso temos os eixos do tempo e do espaço (contexto), que fará com que o texto signifique, num determinado momento e num determinado lugar, de um modo, e em outros tempos e espaços, de outro. 

Assim, independente da intenção da compositora, embora a canção apresente vários elementos para significar a intimação de homem a uma mulher (Vai me pertencer), a delicadeza com que o enunciador traça seu caminho na busca de seu objeto de valor nos leva a crer que em Pássaro de Fogo fala um eu feminino, moderno, de iniciativa, decidido a (re) conquistar  um coração que parece querer se esquivar em segredos e negar entregar-se a um novo amor, ou talvez um amor renovado. Aliás, um pássaro de fogo que se renova, que renasce, remonta à mitológica ave fênix, que ressurge das cinzas.

Desta forma, embora reconheçamos vários trechos em concordância masculina e visualizemos comportamentos masculinos numa tentativa de conquista, é possível também perceber um forte tom feminino, de que Paula Fernandes faz uso muito bem. A sutileza das declarações e afirmativas, o vocabulário delicado e metáforas, para mim, denunciam a própria autora, mascarada num discurso masculinizado pelas menções ao pássaro. Seria então para ele as concordâncias, e não para ela, que enuncia e busca a aceitação de seu amado. Mas isso não é tão certo e necessita de uma investigação mais acurada. É apenas mais uma possibilidade de sentido, talvez ainda não cogitado pelos fãs da artista competente. 

Certo mesmo, contudo, é o sucesso que Paula Fernandes alcançou, desbancando compositores e cantores de músicas de momento, que se perdem na pirataria. Isso até ela cair (se já não caiu) nas graças do público que prefere pagar pouco a desembolsar um pouco mais para ouvir música de qualidade. Fiquemos, pois, com Pássaro de Fogo, que, independente do eu predominante, é uma encantadora canção.

By Robson Santiago. 



sábado, 11 de junho de 2011

Provocações para o debate do dia 11/06/2011

Para debatermos um assunto, claro, é necessário conhecê-lo. Mas há alguns aspectos que não precisam de tanto aprofundamento. É o caso de se debater letras de músicas. Pensando nisso, postamos alguns vídeos que nos remetem ao tema de nosso debate, do dia 11/06. Vejamos, ouçamos e fomentemos ainda mais nossas opiniões. Eis o que é Brega Funk!


Neste primeiro temos um clássico exemplo de remixagem. A música é originalmente um Brega, desses modernos, que recebeu nova roupagem.


Neste segundo, um famoso MC em show ao vivo, divulgado na imprensa oficial e realizado num grande clube da cidade do Recife. Chamo atenção para os rostinhos das ditas "novinhas", que compuseram a plateia lotada: menores? Discutamos isso no debate!


Por fim, a união entre uma banda de Brega e um MC deu nisso. Uma canção num ritmo mais lento, diferente dos acelerados Funks, e em tom romântico. Para nós, o interessante aqui é a análise linguística, que uma simples observação da letra ou audição da música já revela a predominância do coloquial.

Então, Brega Funk é mais ou menos isso. Se há mais, vamos ver o que o debate nos revela!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

ÚLTIMA CHAMADA E PRÊMIOS PARA O DEBATE DO DIA 11/06

Neste sábado, a partir das 21h00, estaremos debatendo o polêmico ritmo musical BREGA FUNK. Segundo alguns de seus adeptos, trata-se de um mistura interessante, pois une a batida do Funk ao ritmo brega, com toques de guitarra e outros instrumentos típicos da gênero brega.

Contudo, não será objeto de discussão o estilo musical propriamente dito, mas sim seu discurso. A polêmica está montada! Fala-se que tanto os bregas atuais quanto suas variantes, entre as quais se inclui o BREGA FUNK, estão amparados na pirataria, nos downloads da internet e nos repasses através do celular. Independente do como se dissemina, é incontestável seu sucesso, principalmente nas periferias.

Algumas perguntas poderão ser respondidas, mas talvez a melhor resposta seja dada por aqueles que realmente conhecem o ritmo ou que se disponibilizarem a conhecê-lo melhor após nosso debate. O certo é que as letras possuem linguagem simples, com mensagens às vezes românticas e outras mais "quentes", com forte apelo sexual! 

É importante também discutirmos a condição social de quem  precisa recorrer a uma gravadora alternativa para alcançar o sucesso. Ainda mais polêmico será discutir se de fato os músicos e cantores desse ritmo poderiam atuar com outros estilos. Afinal, quem canta, canta qualquer tipo de música ou seria o Mc cantor de uma nota só? De um estilo só? Com a palavra aqueles que entendem de música. Nós, aqui na Rede, entendemos de discurso, de análise linguística e correção. De zelo com a língua nas mais variadas situações de uso.

É neste cerne que estaremos sorteando brindes bem ao nosso estilo, fazendo jus a nossa coerência. Aqueles que participarem de pelo menos dois blocos do debate concorrerão a UMA CAMISA CUSTOMIZADA DA REDE DE CORREÇÕES, COM UMA DICA DE PORTUGUÊS BEM INTERESSANTE, e a um livro do poeta Carlos Drummond de Andrade, Contos Plausíveis, que apresentamos abaixo:


Esse livro é uma coletânea de textos curtos de Carlos Drummond de Andrade, lançada originalmente em 1981. Os contos justificam o título e assim como em 'Alguma poesia', o autor opta pela ambigüidade. São textos curtos, pequenos poemas em prosa, mas contos. Uma nota que receia entrar em circulação para não ser desvalorizada. Um menino que tinha fama de mentiroso e foi levado ao médico para ver se melhorava, o que obrigou sua mãe a ouvir o seguinte diagnóstico - 'Não há nada a fazer, Dona Coló. Este menino é mesmo um caso de poesia.' Um personagem que escreveu um livro de memórias aos 20 anos porque achava que se o fizesse aos 70 esqueceria muita coisa ou mentiria, e foi fiel ao que escreveu por muitos e muitos anos. Um cidadão que não gostava de futebol e pegou um ônibus lotado de flamenguistas após a conquista de um campeonato para ser batizado de forma surpreendente. Estes são apenas alguns dos personagens plausíveis de Drummond. Afinal, com eles tudo pode mesmo acontecer. 


É nossa pretensão, sempre, incentivar à leitura nossos clientes, parceiros e amigos das redes sociais, porquanto acreditemos que o caminho para a libertação das rédeas da ignorância, do preconceito e da intolerância é o conhecimento, adquirido através das trocas interacionais entre as pessoas, sejam autores e leitores, professores e alunos, seguidores e seguidos. 

E então, preparados para mais um embate? Vamos ao nosso twitter.com/rededecorrecoes, pois é lá que as coisas acontecem! 

By Equipe Rede de Correções

quarta-feira, 8 de junho de 2011

DEBATE DIA 11/06/2011: É FUNK... É BREGA... Qual é a sua posição?

REGRAS GERAIS:

1) O debate terá duração de 1h30min, sendo 1 hora de discussão e 30 minutos de bastidores e sorteios promocionais. Terá início às 21:00 do dia 11/06/2011
2) Todos que estiverem online, seguidores da @rededecorrecoes ou não, poderão opinar. O moderador dará início aos trabalhos com saudações aos participantes, que deverão responder a saudação para poder participarem do sorteio ao término do debate.
3) As opiniões sobre o tema serão expressas mediante questionamentos levantados pelo moderador. Serão postadas no twitter da @rededecorrecoes 04 questões-chave, uma a cada 15 minutos. Durante esse intervalo de uma questão a outra, novas perguntas poderão ser feitas pelo moderador, caso as respotas não esgotem o tema e o tempo.
4) A primeira questão será postada imediatamente após as saudações. A segunda às 21:15, e será realizada por um debatedor, sorteado pelo moderador do debate; terceira às 21:30, e também será realizada por um debatedor; a quarta, às 21:45, sendo feita pelo moderador. Após 22:00, serão sorteados dois prêmios, os quais anunciaremos neste blog na sexta-feira, dia 10/06.
5) As questões devem ser respondidas como REPLY a @rededecorrecoes, que dará RT às respostas, para que os seguidores vejam o que outros participantes estão postando. As perguntas dos debatedores nos blocos 2 e 3 também devem ser direcionadas a @rededecorrecoes, que dará RT para os demais participantes do debate.
6) É permitida a participação de não-seguidores da @rededecorrecoes, contanto que sigam as regras do debate.
7) Os tweets dos não-seguidores da @rededecorrecoes receberão RTs se estiverem de acordo com as discussões do debate. É recomendável que os seguidores evitem dar RT em tweets que não se refiram aos temas debatidos, mas não é proibido.
8) É recomendável aos participantes dar REPLY entre si apenas sobre os temas debatidos.
9) Após o debate, o moderador da @rededecorrecoes fará os sorteios entre os participantes que estiverem seguindo @rededecorrecoes. No entanto, só participarão dos sorteios aqueles que participarem de pelo menos dois blocos do debate.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Dica do dia 06/06/2011 by Rede de Correções

O que fazer com um jornal de 12 páginas que, logo nas 03 primeiras, apresenta mais de 30 erros ortográficos e sintáticos? É de se pensar em jogar fora, disse-me um colega de profissão! Sem tecer críticas mais severas, por admirarmos o conteúdo da publicação e entendermos que houve mais falhas de edição que de redação, tomamos alguns exemplos para comentar nesta dica de hoje. Para preservar nosso possível cliente, citamos apenas trechos curtos e sem contextualização mais precisa, senão quando se fizer necessário o entendimento do que estiver dito. 

Comecemos pelo vocábulo NOTÍCIAS, repetidas vezes empregado sem acento agudo no I da sílaba "tí". Sendo palavra paroxítona terminada em ditongo, deve-se pôr acento. Essa é uma regra básica. Acontece que tal palavra só aparece sem acento no slgon do jornal, que se repete a cada página. Ora, trata-se, pois, de uma falha na edição, visto que as matérias não apresentam tamanho deslize: o slogan foi redigido "errado" e repetido do mesmo modo em todas as páginas do jornal. Control C e Control V, como dizem os entendidos!

No entanto, em outra página, um curioso período nos chamou a atenção, e é sobre ele que queremos interagir aqui com mais veemência. Uma matéria trazia o seguinte trecho: 

"O deputado (...) membro do partido republicano brasileiro, enviou ofício ao presidente da AL..."

Essa é uma construção extremamente problemática com relação ao uso da variedade padrão de nosso idioma. Principiamos pelo "deputado": reza a gramática normativa de Evanildo Bechara que se grafa com inicial maiúscula nomes de altos cargos (Presidente, Ministro da Educação, Deputado Federal, Governador, etc). Acontece que numa matéria ao lado, o jornal o fez bem (A relação abaixo traz os projetos do Deputado...). Será que os redatores desconhecem as normas e ficam arriscando maiúscula aqui e minúscula ali? Creio que não! Faltou um trabalho profissional de revisão.

Ainda sobre aquela frase anteriormente mencionada, vimos a palavra "OFÍCIO" grafada corretamente. Mas numa manchete de capa "NO OFICIO DE LABUTAR", sem acento. Para nós, mais uma falha pela falta de um serviço profissional de revisão textual. Não é possível, na verdade, que um meio de comunicação escrita, que realiza divulgação de empresas e ações comunitárias não disponha de um jornalista capaz de escrever no padrão de língua. Só pode ter havido falhas de digitação e ausência de trabalho revisional em seguida.

Para finalizar, a referida frase comete um deslize sintático primário. A regra do sexto ano do Ensino Fundamental diz que não se separam sujeito e predicado por vírgula. No entanto, a redação do jornal em análise (e aí deve ter sido mesmo a redação) pôs a vírgula antes de "enviou". Acontece que tudo antes do verbo é sujeito, nesse caso, e predicado é todo o resto, inclusive o verbo ENVIAR. Sendo assim, a construção não necessita de vírgula. Faltou esse discernimento a quem redigiu tal trecho.

Assim, vemos que publicar um jornal ou qualquer outra produção textual destinada a uma massa significativa de leitores é trabalho de grande responsabilidade. Inclusive, com a língua padrão, pois é com ela que se interage nesse meio de comunicação. Ah, não esqueçamos o caso das maiúsculas, que além de cargos, serve para entidades, inclusive partidos políticos. Assim, o Partido Republicano Brasileiro agradeceria se o jornal contratasse nossa Rede, para que ele não aparecesse minúsculo, pelo menos no nome. 

A batalha da língua na guerra das culturas

Mais um texto sensato para formar a opinião de quem precisa aprender um pouco mais sobre língua e linguagem, antes de enveredar pelo "achismo" na polêmica do livro que, segundo algumas opiniões, ensina a falar errado.

A batalha da língua na guerra das culturas

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Dica do dia 31/05/2011 by Rede de Correções

SINÔNIMOS: SEM REPETIÇÕES DE PALAVRAS, COM REPETIÇÕES DE IDEIAS - DE QUE ADIANTA?

Quando se fala em produção textual, a dica mais comum dada aos alunos, e uma das primeiras, é evitar a repetição de palavras. Palmas para nós professores, que fizemos isso com muita propriedade por anos! Mas convém rediscutir essa prática, porquanto tenhamos percebido que os jovens produtores de texto pareçam querer transformar tal dica numa fórmula mágica.

Não existe fórmula para redigir texto com competência. A habilidade deve ser inerente ao escritor, mas não quer dizer que isso não possa ser desenvolvido. Leitura, que parece estar ressurgindo com advento da internet, é um caminho! No entanto, o problema está na solução encontrada pelos referidos escritores: usar sinônimos em demasia.

Ora, um sinônimo, na produção textual, figura como uma repetição da ideia pensada anteriormente. Vejamos:

Ex.: Conseguimos mais um trabalho para revisar. Essa produção textual será enviada em breve para fazermos orçamento. Um texto desse tipo deve nos render em média R$ 700,00. 

A questão é que, embora produção textual não tenha aparecido mais de uma vez, seus sinônimos o fizeram em seu lugar. A recorrência à ideia por meio de sinônmo, portanto, só tem o mérito de evitar o uso demasiado da termo produção textual, em tão poucas palavras, mais ainda constitui repetição. Outro problema é a repetição do recurso coesivo de sinonímia, que nesse exemplo torna o texto cansativo e "quebrado", ao unir três orações de períodos diferentes.

Uma possível solução seria o uso de pronomes relativos, que camuflariam tal repetição de ideias, mas poderiam não veicular o mesmo sentido pretendido. Não é sempre que isso ocorre, mas é comum ocorrer, quando a modificação não conserva a intenção comunicativa. Vamos dar um exemplo:

Conseguimos mais uma produção textual para revisar, cujo orçamento a ser enviado deve ficar em torno de R$ 700,00. 

Mais enxuta, essa construção parece ser ideal para substituir aquele exemplo. No entanto, traz consigo uma mudança da ênfase, no valor discursivo. No primeiro, toda ênfase girava em torno do preço que encerrava o exemplo: "... deve nos render em média R$ 700,00". Além disso, era relevante dizer que a produção ainda não se encontrava em poder do enunciador: "... será enviada em breve para fazermos orçamento".

Com a modificação, o foco recaiu sobre o envio de orçamento no valor de R$ 700,00. Perdeu-se, assim, o foco na ideia de que o trabalho ainda não se encontra em poder de quem enuncia a frase, mas se conservou a informação do preço: R$ 700,00.

Entretanto, pergunto: será que foi dada a mesma importância, o mesmo valor ao preço do serviço? Sem pensar em intenção, digo-lhes que não! O discurso veicula, muitas vezes, aquilo que não temos intenção consciente de dizer. Mas ainda assim dizemos, porquanto signifique para o interlocutor conforme as marcas que deixamos no texto, quer propositalmente ou não.

Fica, pois, o desafio a meus caros leitores, seguidores dessas dicas. Como reformular aquele primeiro exemplo de modo que a ideia do preço mantenha a relevância, e a informação de que o enunciador ainda não recebeu o trabalho permaneça? Vamos lá? Agora é com vocês!