O que fazer com um jornal de 12 páginas que, logo nas 03 primeiras, apresenta mais de 30 erros ortográficos e sintáticos? É de se pensar em jogar fora, disse-me um colega de profissão! Sem tecer críticas mais severas, por admirarmos o conteúdo da publicação e entendermos que houve mais falhas de edição que de redação, tomamos alguns exemplos para comentar nesta dica de hoje. Para preservar nosso possível cliente, citamos apenas trechos curtos e sem contextualização mais precisa, senão quando se fizer necessário o entendimento do que estiver dito.
Comecemos pelo vocábulo NOTÍCIAS, repetidas vezes empregado sem acento agudo no I da sílaba "tí". Sendo palavra paroxítona terminada em ditongo, deve-se pôr acento. Essa é uma regra básica. Acontece que tal palavra só aparece sem acento no slgon do jornal, que se repete a cada página. Ora, trata-se, pois, de uma falha na edição, visto que as matérias não apresentam tamanho deslize: o slogan foi redigido "errado" e repetido do mesmo modo em todas as páginas do jornal. Control C e Control V, como dizem os entendidos!
No entanto, em outra página, um curioso período nos chamou a atenção, e é sobre ele que queremos interagir aqui com mais veemência. Uma matéria trazia o seguinte trecho:
"O deputado (...) membro do partido republicano brasileiro, enviou ofício ao presidente da AL..."
Essa é uma construção extremamente problemática com relação ao uso da variedade padrão de nosso idioma. Principiamos pelo "deputado": reza a gramática normativa de Evanildo Bechara que se grafa com inicial maiúscula nomes de altos cargos (Presidente, Ministro da Educação, Deputado Federal, Governador, etc). Acontece que numa matéria ao lado, o jornal o fez bem (A relação abaixo traz os projetos do Deputado...). Será que os redatores desconhecem as normas e ficam arriscando maiúscula aqui e minúscula ali? Creio que não! Faltou um trabalho profissional de revisão.
Ainda sobre aquela frase anteriormente mencionada, vimos a palavra "OFÍCIO" grafada corretamente. Mas numa manchete de capa "NO OFICIO DE LABUTAR", sem acento. Para nós, mais uma falha pela falta de um serviço profissional de revisão textual. Não é possível, na verdade, que um meio de comunicação escrita, que realiza divulgação de empresas e ações comunitárias não disponha de um jornalista capaz de escrever no padrão de língua. Só pode ter havido falhas de digitação e ausência de trabalho revisional em seguida.
Para finalizar, a referida frase comete um deslize sintático primário. A regra do sexto ano do Ensino Fundamental diz que não se separam sujeito e predicado por vírgula. No entanto, a redação do jornal em análise (e aí deve ter sido mesmo a redação) pôs a vírgula antes de "enviou". Acontece que tudo antes do verbo é sujeito, nesse caso, e predicado é todo o resto, inclusive o verbo ENVIAR. Sendo assim, a construção não necessita de vírgula. Faltou esse discernimento a quem redigiu tal trecho.
Assim, vemos que publicar um jornal ou qualquer outra produção textual destinada a uma massa significativa de leitores é trabalho de grande responsabilidade. Inclusive, com a língua padrão, pois é com ela que se interage nesse meio de comunicação. Ah, não esqueçamos o caso das maiúsculas, que além de cargos, serve para entidades, inclusive partidos políticos. Assim, o Partido Republicano Brasileiro agradeceria se o jornal contratasse nossa Rede, para que ele não aparecesse minúsculo, pelo menos no nome.
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