SINÔNIMOS: SEM REPETIÇÕES DE PALAVRAS, COM REPETIÇÕES DE IDEIAS - DE QUE ADIANTA?
Quando se fala em produção textual, a dica mais comum dada aos alunos, e uma das primeiras, é evitar a repetição de palavras. Palmas para nós professores, que fizemos isso com muita propriedade por anos! Mas convém rediscutir essa prática, porquanto tenhamos percebido que os jovens produtores de texto pareçam querer transformar tal dica numa fórmula mágica.
Não existe fórmula para redigir texto com competência. A habilidade deve ser inerente ao escritor, mas não quer dizer que isso não possa ser desenvolvido. Leitura, que parece estar ressurgindo com advento da internet, é um caminho! No entanto, o problema está na solução encontrada pelos referidos escritores: usar sinônimos em demasia.
Ora, um sinônimo, na produção textual, figura como uma repetição da ideia pensada anteriormente. Vejamos:
Ex.: Conseguimos mais um trabalho para revisar. Essa produção textual será enviada em breve para fazermos orçamento. Um texto desse tipo deve nos render em média R$ 700,00.
A questão é que, embora produção textual não tenha aparecido mais de uma vez, seus sinônimos o fizeram em seu lugar. A recorrência à ideia por meio de sinônmo, portanto, só tem o mérito de evitar o uso demasiado da termo produção textual, em tão poucas palavras, mais ainda constitui repetição. Outro problema é a repetição do recurso coesivo de sinonímia, que nesse exemplo torna o texto cansativo e "quebrado", ao unir três orações de períodos diferentes.
Uma possível solução seria o uso de pronomes relativos, que camuflariam tal repetição de ideias, mas poderiam não veicular o mesmo sentido pretendido. Não é sempre que isso ocorre, mas é comum ocorrer, quando a modificação não conserva a intenção comunicativa. Vamos dar um exemplo:
Conseguimos mais uma produção textual para revisar, cujo orçamento a ser enviado deve ficar em torno de R$ 700,00.
Mais enxuta, essa construção parece ser ideal para substituir aquele exemplo. No entanto, traz consigo uma mudança da ênfase, no valor discursivo. No primeiro, toda ênfase girava em torno do preço que encerrava o exemplo: "... deve nos render em média R$ 700,00". Além disso, era relevante dizer que a produção ainda não se encontrava em poder do enunciador: "... será enviada em breve para fazermos orçamento".
Com a modificação, o foco recaiu sobre o envio de orçamento no valor de R$ 700,00. Perdeu-se, assim, o foco na ideia de que o trabalho ainda não se encontra em poder de quem enuncia a frase, mas se conservou a informação do preço: R$ 700,00.
Entretanto, pergunto: será que foi dada a mesma importância, o mesmo valor ao preço do serviço? Sem pensar em intenção, digo-lhes que não! O discurso veicula, muitas vezes, aquilo que não temos intenção consciente de dizer. Mas ainda assim dizemos, porquanto signifique para o interlocutor conforme as marcas que deixamos no texto, quer propositalmente ou não.
Fica, pois, o desafio a meus caros leitores, seguidores dessas dicas. Como reformular aquele primeiro exemplo de modo que a ideia do preço mantenha a relevância, e a informação de que o enunciador ainda não recebeu o trabalho permaneça? Vamos lá? Agora é com vocês!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir"Conseguimos mais uma produção textual para revisar e, que, nos será enviada para fazermos o orçamento, o qual deverá ficar em torno de R$700,00."
ResponderExcluir"Conseguimos mais uma produção textual para revisar que nos será enviada para fazermos o orçamento, o qual deverá ficar em torno de R$700,00."
ResponderExcluir