quinta-feira, 30 de junho de 2011

Dica do dia 30/06/2011 para universitários

COMO INSERIR NÚMEROS DE PÁGINAS EM TCCs, MONOGRAFIAS, DISSERTAÇÕES E TESES.

Muitos clientes da Rede de Correções ainda têm dificuldades com o manuseio do Word 2007, principalmente na hora de inserir número de páginas em seus trabalhos acadêmicos. É que, nesses gêneros de texto, existem peculiaridades como a ausência de numeração nas primeiras páginas do trabalho. Fazemos isso aqui quase sempre, quando o cliente não nos envia o trabalho numerado ou com numeração equivocada. Como não somos mestres em informática, não nos arriscamos a escrever sobre essa tarefa, que tanto perturba alguns de nossos clientes. Assim, publicamos aqui um vídeo já bem conhecido dos internautas acadêmicos de plantão. Nele, destacamos, além da simplicidade da explicação, o jeitão calmo do professor e seu sotaque bem descansado. Aproveitem!!!


quarta-feira, 29 de junho de 2011

Dica do dia 29/06/2011 by Rede de Correções

MAIS BEM ou MELHOR?

Algumas pessoas estranham quando ouvem na TV ou leem nas páginas esportivas de jornal a seguinte frase: "A outra seleção estava mais bem preparada." A questão é bem simples. MAIS BEM é um comparativo que pode ser substituído por MELHOR. Contudo, em língua padrão, a substituição não ocorre nesse caso, embora na informalidade seja comum.

Detalhando melhor, o que percebemos é que "preparado" é modificado por "bem" e "mais" modifica os dois. Se modificasse apenas "bem", teríamos a conversão em "melhor". Ex.: Por esses dias, estude bem esse assunto / ...estude MAIS bem (LOGO, ESTUDE MELHOR). Assim, quando se usa o advérbio MAIS para intensificar apenas o BEM (ou BOM), tal conjunto pode ser substituído por MELHOR.

Ocorre, porém, que no exemplo de que partimos, o MAIS vem intensificar BEM PREPARADA, e não BEM apenas. Nesse caso, a frase que se diz em rádio, TV e jornais está dentro do padrão que se prega para nossa língua e que é dever da escola ensinar. Mas muita gente, de diversas classes sociais, profissões e níveis de escolaridade variados dizem por aí "A seleção estava MELHOR preparada."

Saibam, pois, que está última frase foge ao padrão culto formal, mas é constantemente usada. E funciona. Duvida? É isso!

sábado, 25 de junho de 2011

A metáfora da marreta nas lembranças dos cacos de telha

Interessante a gente se recordar da infância, quando chega à fase adulta. Nem tudo vem à lembrança tão claramente, mas certas façanhas parecem se eternizar. Eita... Tempo bom! O mais legal, porém, é quando nos damos conta de que alguma ação atual nossa tem um pezinho lá atrás. E é disso que quero falar aqui, agora.
Quando criança, eu adorava brincar naquele beco da casa de minha mãe, cheio de árvores; parecia um sítio: duas jaqueiras, três mangueiras, um enorme pé-de-colônia, cujas formigas me mordiam como se me quisessem devorar; mas eu adorava me esconder lá. E ainda havia aquele chão úmido no qual eu desenhava histórias; viajava, sentindo-me um herói de guerra. Minha mãe me dava poucos brinquedos. Éramos muito humildes... 10 irmãos! Lanchava farinha com açúcar... Ia à estrondosa Pipoqueira encher canecos de pipoca. Aliás, aqueles estrondos são eternos, ainda que hoje só se ouça louvor a Deus (Luz do mundo) no velho prédio da Pipoqueira.
Eu queria aqueles bonecos da Grow com aqueles carros de combate abarrotados de canhões, que disparavam mísseis com barulho proporcional ao da Pipoqueira. Adorava também os bombeiros da Playmobil, os heróis que a Estrela copiava dos desenhos animados... Como eu não tinha nada disso, fazia na terra minhas próprias histórias heroicas. "Tira a mão da areia, menino." Bradava minha velha!!! Bolas de gude... Pistas de corrida... Eu era o próprio Nelson Piquet contra Thierry Boutsen!
E os cacos de telha, hein? Aqui, sim, eu me sentia o máximo. Ninguém quebrava cacos de telha como eu: sempre no mesmo tamanho, sempre na mesma medida, com a marreta de seu Zeca, que só eu sabia onde pegar. Seu Zeca, aliás, nem ligava para minhas explosões fonológicas, quando a Patrulha Estelar riscava o chão do beco lá de casa, abatendo os inimigos. Os cacos de telha eram as bombas espaciais que se lançavam contra o terreno baldio, hoje um armazém de construção separado do beco por um alto muro.
O terreno era assombroso à noite. O beco só tinha graça de dia, pois à noite, sempre parecia que algo se escondia naquele beco escuro. Eu não ousava olhar. De dia, eu bombardeava o matagal que me assustara na noite passada. E os cacos de telha eram trabalhados como diamantes, para que atingissem o inimigo e causassem o dano perfeito: diminuição do medo. Um vizinho, certa vez, disse-me que fazia cacos também e me trouxe os dele para ao meu lado guerrear contra o Grande Pé-de-maracujá, que mais parecia uma fortaleza de galinhas e calangos ao brilho do sol. Sob as sombras das nuvens que encobriam a lua na noite, o Grande Pé-de-maracujá era o próprio ET! Uma aparição de Thriller.
Só que os cacos de meu vizinho não se comparavam aos meus. E ele não tinha como me garantir que havia sido ele mesmo o autor da arte. Fazia sem eu ver. Eu não. Quebrava os cacos no ato e lhe mostrava os segredos de como obter o caco perfeito. Mas a ele também faltava a ferramenta adequado: a marreta de seu Zeca.
Aí você se pergunta: o que tem a ver uma marreta e lembranças de cacos de telha com um revisor de texto, mestre em Letras e empreendedor? Digo-lhe que a marreta está para a habilidade de revisar um texto como os cacos estão para as produções daqueles que contrataram a Rede de Correções. Meus clientes são meu vizinho de infância, que sempre me levava cacos para eu lapidar. Seus textos, com todo respeito, são seus cacos, que necessitam de um olhar de fora, de um trabalho especializado. A marreta é meu conhecimento linguístico e experiência de trabalho. E minha batalha é contra os ETs da concorrência, que já não me metem medo, porquanto eu tenha aprendido a olhar para o escuro. Não há nada lá além daquilo que a Luz possa mostrar.
Resta agora concluir aqui o desenvolvimento de um método tão eficiente quanto aquele de quebrar cacos, no ato. Mas isso a Rede vai conseguir. Pode crer, caro leitor!

Robson Santiago

quinta-feira, 23 de junho de 2011

terça-feira, 21 de junho de 2011

Que a sutileza da fênix não se dobre aos urubus do momento

Dias atrás, nossa postagem voltava-se para a análise semiótica da canção Pássaro de fogo, de autoria da cantora e compositora Paula Fernandes. Em conversas com amigos e familiares, comentei o texto que redigi para este blog, e muitos ficaram surpresos com as conclusões a que cheguei. De fato, também me surpreendi com alguns resultados da análise. É que em semiótica há pouco de opinião e mais de significação. Na verdade, os resultados de um trabalho analítico com esse tipo de linha investigativa vão surgindo à medida que as facetas de um texto vão sendo desveladas. Desse modo, senti a necessidade de opinar não só sobre o que diz a música, que considero tarefa arriscada sem uma investigação mais profunda; mas pelo momento por que passa o mercado fonográfico brasileiro, decidi tentar compará-la a outros fenômenos de momento.

E aqui, mais uma vez peço licença aos profissionais da área, pois minhas observações são puramente empíricas. Quando me debrucei sobre Pássaro de fogo, coloquei a canção num contexto em que as músicas de sucesso vem e vão na velocidade com que precisamos chegar ao trabalho, embora percamos feio, em alguns lugares, para certos cantores e suas obras! Há um ano, vi Sorriso Maroto emplacar Amanhã como grande sucesso da vez e, com ele, causar delírio em shows. Com o ibope da novela Passione,  vi Lenine, que conheço de muito, estourar outra vez, embalado por Aquilo que dá no coração, música que ponho no mesmo patamar da canção da Paula. Mais precisamente neste ano, Zezé de Camargo e Luciano atingiram altos índices com Mentes tão bem, empurrada por Araguaia. Foi essa mesma novela que impulsionou a bela canção da cantora supracitada.

Outros artistas, de vários estilos, têm conseguido ascender com músicas em trilhas sonoras de novelas globais. E isso não é de hoje, só que também não quero entrar nesse mérito, porquanto me falte elementos e argumentos consistentes. Fica o registro de que o galã Luan Santana tem sido muito ovacionado pelos jovens, imediatistas, e põe Um beijo no topo das paradas musicais de rádios. Interessante é que essa canção compete diretamente com Amar não é pecado, também cantada por ele, e que está sendo tocada todo dia na novela Morde e assopra. Detalhe: o verbo ASSOPRAR existe no padrão, mas já ouvi gente dizendo que a Globo está sendo paga pelo Governo do PT para convencer o povo de que falar errado não é problema. Como se diz na gíria, aí "já é muita viagem!"

O que me traz aqui outra vez não é a intenção de comentar os motivos do sucesso desses artistas e suas canções. Quero ratificar que Pássaro de fogo, assim como a canção de Lenine, são diferenciais, com relação ao estilo de composição que normalmente agradam a massa e estouram. São canções cheias de metáforas ricas e sutilezas muitas vezes imperceptíveis aos ouvidos mais acostumados aos batidões e baladas simplórias de momento.

Volto-me aos jovens que curtem Um beijo e vejo uma sacada perfeita do Luan, ao valorizar um beijo em detrimento das palavras; ou seja, ação, contato em vez de teoria, desejo. É isso que os imediatas querem: viver experiências práticas, palpáveis. Em literatura, poderíamos dizer que ele está mais para Castro Alves que para Alvares de Azevedo, é claro, no que diz respeito ao conceito de amor que lhe move: carnal, e não platônico. Preocupa-me, no entanto, seu verso que diz "Um toque, muito mais que poesia." Entendo perfeitamente seu conceito, mas o vejo com pesar, uma vez que me parece uma ameaça aos esforços que temos feito para incentivar os jovens à leitura. Não creio que o Luan tenha pensado nisso. Acho apenas que ele quis atingir um público que, de fato, tem lido pouco textos longos e bem trabalhados e que tem ouvido músicas com as quais se identifica.

Contudo, a sutileza de Pássaro de fogo, na voz da Paula, tem superado estas particularidades do mercado, desbancando o próprio Luan, em números de vendas no início deste ano. Esta canção não é um relato de ações, como muitas são. Não é uma declaração clara e evidente de paixão. Há paixão, há ações, mas metaforizadas. É muito diferente dizer "Meu coração de vez se entregou / Confesso que estou apaixonado" de "Tão longe do chão / Serei os teus pés / Nas asas do sonho rumo ao teu coração."? É sim, pelo menos do ponto de vista da superfície textual. Mas em termos ideológicos, nem tanto. A mensagem de paixão, de entrega está presente nos dois textos, mas "cada um no seu quadrado." Creio que a Paula leva vantagem por proporcionar não só a embriaguez com a bela mensagem, mas também por propiciar reflexão.

Além disso, sua música está além do cotidiano. Isso é muito forte, por exemplo, no brega funk, que debatemos dias atrás. Também o é no forró estilizado, assim como no brega do Reginho, aquele lá de Abreu e Lima - PE, que cantou "Vou não, posso não, quero não, minha mulher não deixa não." Há coisa mais cotidiana que a dor de cotovelo de Amanhã? As canções simples, fáceis têm, lógico, seus méritos; mas não cumprem um papel fundamental da poesia, que é ressignificar, recriar a realidade. É realmente muito diferente dizer, por exemplo, que o amor é "vela de incendiar", que ele "atropela", que "avança sem ponderar", que dizer "Eu não sei de onde vem essa força que me leva pra você." Mas isso é questão de gosto também. E de desgosto para quem, já ouvi e tenho minhas ressalvas, chama de "carniça" esse estilo sertanejo, simplório, mas de valor. Aliás, o fantoche Coxinha, do Ceará, nada tem a ver com a discriminação dirigida aos artistas, hein!

Certo, porém, é que o Luan, com seu beijo declarado, aquela dupla de Mentes tão bem, com as afirmativas claras sobre a traiçoeira mulher, e outros, como Victor e Leo, que relatam os erros de uma ex-amada, em Boa sorte pra você, têm grandes méritos por se utilizarem da simplicidade na linguagem e tratar de situações cotidianas e sentimentos universais. Mas Pássaro de fogo, a meu ver, está acima deles todos, simplistas. Ela é um desejo de mulher, camuflado numa declaração masculinizada pelas concordâncias com o termo pássaro. Ela disfarça a sensualidade na sutileza feminina e não precisa mencionar o termo posição (da rã ou qualquer outra que seja) para nos instigar, ao falar em cavalgada sobre um corpo. Ela é um poço de auto-confiança, de determinação, porquanto intime o ser amado a se entregar, afirme que ele vai delirar e assegure que não mais será tão livre quanto seria ("Vai me pertencer").

Tudo isso, no entanto, já não é mais privilégio do mercado oficial. Já vi e ouvi, nos carrinhos dos piratas, o CD da Paula. Já escutei, ao passar frente aos bares de esquina, a alternância entre bregas, pagodes e ela. Já me parece que há um movimento de adesão ao seu estilo, à sua voz no mercado paralelo. Aí começa minha preocupação, pois a Fênix não pode se tornar um urubu de momento. Sua graça está na diferença, mesmo que esta seja pouco compreendida. É válido que sua disseminação atinja várias classes e diferentes adeptos. Só não concordo que a pirataria sabote o belo voo do pássaro de fogo que ressurge: a compra de CDs oficiais.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Os segredos de Pássaro de fogo

Certo dia, deparei-me com uma nota, num jornal, que louvava a cantora Paula Fernandes por ter atingido a marca de 700 mil cópias de CDs vendidos em menos de 6 meses. Capitaneado pela canção Pássaro de Fogo, de sua autoria, o álbum desbancou fenômenos pops e teens em termos de vendas em tão pouco tempo. Por não entender tanto de mercado fonográfico, peço licença aos conhecedores do ramo para analisar o sucesso que toca em rádios e ainda não se contagiou com a pirataria. Minha intenção aqui é apenas me debruçar sobre a letra e algumas nuances da talentosa compositora e cantora. Para isso, adotarei alguns conceitos da Semiótica Greimasiana, cujo objeto investigativo é a significação. Mas darei um toque mais popular que científico à análise, devido ao espaço de publicação deste artigo. 

Lembro de antemão que, ao assistir a uma entrevista com a cantora, com a apresentadora Angélica, já havia ouvido a referida música, mas não conhecia a quem pertencia aquela voz. Também ouvi trechos da mesma durante as visitas que fazia à casa de minha mãe, que não perdia um capítulo da novela Araguaia, da Rede Globo. De posse da nota a que fiz menção anteriormente, resolvi procurar na internet a letra e algum vídeo que me desse uma noção mais detalhada. Fui surpreendido com tamanha sutileza! É essa a definição, portanto, que dou a Pássaro de Fogo: sutileza de mulher.

Semioticamente falando, todo texto se baseia na busca de um valor, quer seja a felicidade, a riqueza, o (re) conhecimento, a satisfação, a aceitação. É este último que move mais intensamente o texto aqui discutido; só que, para conquistar tal aceitação, o sujeito enunciador que fala na canção escolhe o caminho da conquista com uso da sutileza, mas firme e confiante. Aí aumenta minha admiração por esta obra, que aparentemente veicula um discurso masculinizado cultural e linguisticamente. Sob a ótica da cultura de nossa sociedade, ainda machista, é o homem quem toma a iniciativa nas relações afetivas entre casais heterossexuais, diga-se de passagem! Natural então ouvir um conquistador dizer "Vai se entregar pra mim / Como a primeira vez (...) Vai me pertencer." Mais isso está mudando. Que bom!!!

Sob a exegese que pretendemos adotar, observando as facetas da linguagem, a canção também parece caminhar para o mesmo sentido. Nesse caso, é a própria língua portuguesa que nos deixa marcas de um possível enunciador masculino, o que se evidencia já no título: pássaro de fogo. É que na língua portuguesa não existe uma forma feminina para a palavra pássaro, senão com intermédio da palavra fêmeo. É o que chamamos de substantivo epiceno. Em outros trechos o tom masculino parece ganhar reforço, como em "Te amando feito um louco", para o qual louco é mais que a generalização de um comportamento doentio, e sim denominação masculina para um homem perdido de amor.

Destaco também - e aí me parece um discurso bem masculinizado - o trecho "Minha alma viajante, coração independente. / Por você corre perigo." Chamo atenção para o valor que busca boa parte dos homens em nossa sociedade: liberdade. Sentem-se presos, ao se relacionarem seriamente com uma mulher. Daí o sujeito enunciador falar em "perigo" ao seu "coração independente". Acontece que este suposto homem quer isso, ao afirmar querer ser "bem mais que um amigo". Pois bem, é ele que quer "se amarrar", ou seria o desejo dela de que assim ele procedesse? 

A sutileza da canção, transmitida pelas metáforas simples já são um indicativo do motivo que leva a música ao sucesso. Mas essa conjuntura nos leva também a uma outra interpretação do texto. A história mostra que muitos poetas e poetisas assumem um eu poético de gênero oposto em suas obras. Então, aqui poderia ser mais um exemplo? Muitos entendem que sim. Contudo, ouso dizer que existe um eu feminino que fala como homem, mas que deixa suas marcas femininas implícitas, as quais buscamos recuperar com a análise da significação. Para que esta exista, é necessário um significante, parte "concreta", expressa; e um significado, parte  "inteligível", latente. Aliados a isso temos os eixos do tempo e do espaço (contexto), que fará com que o texto signifique, num determinado momento e num determinado lugar, de um modo, e em outros tempos e espaços, de outro. 

Assim, independente da intenção da compositora, embora a canção apresente vários elementos para significar a intimação de homem a uma mulher (Vai me pertencer), a delicadeza com que o enunciador traça seu caminho na busca de seu objeto de valor nos leva a crer que em Pássaro de Fogo fala um eu feminino, moderno, de iniciativa, decidido a (re) conquistar  um coração que parece querer se esquivar em segredos e negar entregar-se a um novo amor, ou talvez um amor renovado. Aliás, um pássaro de fogo que se renova, que renasce, remonta à mitológica ave fênix, que ressurge das cinzas.

Desta forma, embora reconheçamos vários trechos em concordância masculina e visualizemos comportamentos masculinos numa tentativa de conquista, é possível também perceber um forte tom feminino, de que Paula Fernandes faz uso muito bem. A sutileza das declarações e afirmativas, o vocabulário delicado e metáforas, para mim, denunciam a própria autora, mascarada num discurso masculinizado pelas menções ao pássaro. Seria então para ele as concordâncias, e não para ela, que enuncia e busca a aceitação de seu amado. Mas isso não é tão certo e necessita de uma investigação mais acurada. É apenas mais uma possibilidade de sentido, talvez ainda não cogitado pelos fãs da artista competente. 

Certo mesmo, contudo, é o sucesso que Paula Fernandes alcançou, desbancando compositores e cantores de músicas de momento, que se perdem na pirataria. Isso até ela cair (se já não caiu) nas graças do público que prefere pagar pouco a desembolsar um pouco mais para ouvir música de qualidade. Fiquemos, pois, com Pássaro de Fogo, que, independente do eu predominante, é uma encantadora canção.

By Robson Santiago. 



sábado, 11 de junho de 2011

Provocações para o debate do dia 11/06/2011

Para debatermos um assunto, claro, é necessário conhecê-lo. Mas há alguns aspectos que não precisam de tanto aprofundamento. É o caso de se debater letras de músicas. Pensando nisso, postamos alguns vídeos que nos remetem ao tema de nosso debate, do dia 11/06. Vejamos, ouçamos e fomentemos ainda mais nossas opiniões. Eis o que é Brega Funk!


Neste primeiro temos um clássico exemplo de remixagem. A música é originalmente um Brega, desses modernos, que recebeu nova roupagem.


Neste segundo, um famoso MC em show ao vivo, divulgado na imprensa oficial e realizado num grande clube da cidade do Recife. Chamo atenção para os rostinhos das ditas "novinhas", que compuseram a plateia lotada: menores? Discutamos isso no debate!


Por fim, a união entre uma banda de Brega e um MC deu nisso. Uma canção num ritmo mais lento, diferente dos acelerados Funks, e em tom romântico. Para nós, o interessante aqui é a análise linguística, que uma simples observação da letra ou audição da música já revela a predominância do coloquial.

Então, Brega Funk é mais ou menos isso. Se há mais, vamos ver o que o debate nos revela!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

ÚLTIMA CHAMADA E PRÊMIOS PARA O DEBATE DO DIA 11/06

Neste sábado, a partir das 21h00, estaremos debatendo o polêmico ritmo musical BREGA FUNK. Segundo alguns de seus adeptos, trata-se de um mistura interessante, pois une a batida do Funk ao ritmo brega, com toques de guitarra e outros instrumentos típicos da gênero brega.

Contudo, não será objeto de discussão o estilo musical propriamente dito, mas sim seu discurso. A polêmica está montada! Fala-se que tanto os bregas atuais quanto suas variantes, entre as quais se inclui o BREGA FUNK, estão amparados na pirataria, nos downloads da internet e nos repasses através do celular. Independente do como se dissemina, é incontestável seu sucesso, principalmente nas periferias.

Algumas perguntas poderão ser respondidas, mas talvez a melhor resposta seja dada por aqueles que realmente conhecem o ritmo ou que se disponibilizarem a conhecê-lo melhor após nosso debate. O certo é que as letras possuem linguagem simples, com mensagens às vezes românticas e outras mais "quentes", com forte apelo sexual! 

É importante também discutirmos a condição social de quem  precisa recorrer a uma gravadora alternativa para alcançar o sucesso. Ainda mais polêmico será discutir se de fato os músicos e cantores desse ritmo poderiam atuar com outros estilos. Afinal, quem canta, canta qualquer tipo de música ou seria o Mc cantor de uma nota só? De um estilo só? Com a palavra aqueles que entendem de música. Nós, aqui na Rede, entendemos de discurso, de análise linguística e correção. De zelo com a língua nas mais variadas situações de uso.

É neste cerne que estaremos sorteando brindes bem ao nosso estilo, fazendo jus a nossa coerência. Aqueles que participarem de pelo menos dois blocos do debate concorrerão a UMA CAMISA CUSTOMIZADA DA REDE DE CORREÇÕES, COM UMA DICA DE PORTUGUÊS BEM INTERESSANTE, e a um livro do poeta Carlos Drummond de Andrade, Contos Plausíveis, que apresentamos abaixo:


Esse livro é uma coletânea de textos curtos de Carlos Drummond de Andrade, lançada originalmente em 1981. Os contos justificam o título e assim como em 'Alguma poesia', o autor opta pela ambigüidade. São textos curtos, pequenos poemas em prosa, mas contos. Uma nota que receia entrar em circulação para não ser desvalorizada. Um menino que tinha fama de mentiroso e foi levado ao médico para ver se melhorava, o que obrigou sua mãe a ouvir o seguinte diagnóstico - 'Não há nada a fazer, Dona Coló. Este menino é mesmo um caso de poesia.' Um personagem que escreveu um livro de memórias aos 20 anos porque achava que se o fizesse aos 70 esqueceria muita coisa ou mentiria, e foi fiel ao que escreveu por muitos e muitos anos. Um cidadão que não gostava de futebol e pegou um ônibus lotado de flamenguistas após a conquista de um campeonato para ser batizado de forma surpreendente. Estes são apenas alguns dos personagens plausíveis de Drummond. Afinal, com eles tudo pode mesmo acontecer. 


É nossa pretensão, sempre, incentivar à leitura nossos clientes, parceiros e amigos das redes sociais, porquanto acreditemos que o caminho para a libertação das rédeas da ignorância, do preconceito e da intolerância é o conhecimento, adquirido através das trocas interacionais entre as pessoas, sejam autores e leitores, professores e alunos, seguidores e seguidos. 

E então, preparados para mais um embate? Vamos ao nosso twitter.com/rededecorrecoes, pois é lá que as coisas acontecem! 

By Equipe Rede de Correções

quarta-feira, 8 de junho de 2011

DEBATE DIA 11/06/2011: É FUNK... É BREGA... Qual é a sua posição?

REGRAS GERAIS:

1) O debate terá duração de 1h30min, sendo 1 hora de discussão e 30 minutos de bastidores e sorteios promocionais. Terá início às 21:00 do dia 11/06/2011
2) Todos que estiverem online, seguidores da @rededecorrecoes ou não, poderão opinar. O moderador dará início aos trabalhos com saudações aos participantes, que deverão responder a saudação para poder participarem do sorteio ao término do debate.
3) As opiniões sobre o tema serão expressas mediante questionamentos levantados pelo moderador. Serão postadas no twitter da @rededecorrecoes 04 questões-chave, uma a cada 15 minutos. Durante esse intervalo de uma questão a outra, novas perguntas poderão ser feitas pelo moderador, caso as respotas não esgotem o tema e o tempo.
4) A primeira questão será postada imediatamente após as saudações. A segunda às 21:15, e será realizada por um debatedor, sorteado pelo moderador do debate; terceira às 21:30, e também será realizada por um debatedor; a quarta, às 21:45, sendo feita pelo moderador. Após 22:00, serão sorteados dois prêmios, os quais anunciaremos neste blog na sexta-feira, dia 10/06.
5) As questões devem ser respondidas como REPLY a @rededecorrecoes, que dará RT às respostas, para que os seguidores vejam o que outros participantes estão postando. As perguntas dos debatedores nos blocos 2 e 3 também devem ser direcionadas a @rededecorrecoes, que dará RT para os demais participantes do debate.
6) É permitida a participação de não-seguidores da @rededecorrecoes, contanto que sigam as regras do debate.
7) Os tweets dos não-seguidores da @rededecorrecoes receberão RTs se estiverem de acordo com as discussões do debate. É recomendável que os seguidores evitem dar RT em tweets que não se refiram aos temas debatidos, mas não é proibido.
8) É recomendável aos participantes dar REPLY entre si apenas sobre os temas debatidos.
9) Após o debate, o moderador da @rededecorrecoes fará os sorteios entre os participantes que estiverem seguindo @rededecorrecoes. No entanto, só participarão dos sorteios aqueles que participarem de pelo menos dois blocos do debate.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Dica do dia 06/06/2011 by Rede de Correções

O que fazer com um jornal de 12 páginas que, logo nas 03 primeiras, apresenta mais de 30 erros ortográficos e sintáticos? É de se pensar em jogar fora, disse-me um colega de profissão! Sem tecer críticas mais severas, por admirarmos o conteúdo da publicação e entendermos que houve mais falhas de edição que de redação, tomamos alguns exemplos para comentar nesta dica de hoje. Para preservar nosso possível cliente, citamos apenas trechos curtos e sem contextualização mais precisa, senão quando se fizer necessário o entendimento do que estiver dito. 

Comecemos pelo vocábulo NOTÍCIAS, repetidas vezes empregado sem acento agudo no I da sílaba "tí". Sendo palavra paroxítona terminada em ditongo, deve-se pôr acento. Essa é uma regra básica. Acontece que tal palavra só aparece sem acento no slgon do jornal, que se repete a cada página. Ora, trata-se, pois, de uma falha na edição, visto que as matérias não apresentam tamanho deslize: o slogan foi redigido "errado" e repetido do mesmo modo em todas as páginas do jornal. Control C e Control V, como dizem os entendidos!

No entanto, em outra página, um curioso período nos chamou a atenção, e é sobre ele que queremos interagir aqui com mais veemência. Uma matéria trazia o seguinte trecho: 

"O deputado (...) membro do partido republicano brasileiro, enviou ofício ao presidente da AL..."

Essa é uma construção extremamente problemática com relação ao uso da variedade padrão de nosso idioma. Principiamos pelo "deputado": reza a gramática normativa de Evanildo Bechara que se grafa com inicial maiúscula nomes de altos cargos (Presidente, Ministro da Educação, Deputado Federal, Governador, etc). Acontece que numa matéria ao lado, o jornal o fez bem (A relação abaixo traz os projetos do Deputado...). Será que os redatores desconhecem as normas e ficam arriscando maiúscula aqui e minúscula ali? Creio que não! Faltou um trabalho profissional de revisão.

Ainda sobre aquela frase anteriormente mencionada, vimos a palavra "OFÍCIO" grafada corretamente. Mas numa manchete de capa "NO OFICIO DE LABUTAR", sem acento. Para nós, mais uma falha pela falta de um serviço profissional de revisão textual. Não é possível, na verdade, que um meio de comunicação escrita, que realiza divulgação de empresas e ações comunitárias não disponha de um jornalista capaz de escrever no padrão de língua. Só pode ter havido falhas de digitação e ausência de trabalho revisional em seguida.

Para finalizar, a referida frase comete um deslize sintático primário. A regra do sexto ano do Ensino Fundamental diz que não se separam sujeito e predicado por vírgula. No entanto, a redação do jornal em análise (e aí deve ter sido mesmo a redação) pôs a vírgula antes de "enviou". Acontece que tudo antes do verbo é sujeito, nesse caso, e predicado é todo o resto, inclusive o verbo ENVIAR. Sendo assim, a construção não necessita de vírgula. Faltou esse discernimento a quem redigiu tal trecho.

Assim, vemos que publicar um jornal ou qualquer outra produção textual destinada a uma massa significativa de leitores é trabalho de grande responsabilidade. Inclusive, com a língua padrão, pois é com ela que se interage nesse meio de comunicação. Ah, não esqueçamos o caso das maiúsculas, que além de cargos, serve para entidades, inclusive partidos políticos. Assim, o Partido Republicano Brasileiro agradeceria se o jornal contratasse nossa Rede, para que ele não aparecesse minúsculo, pelo menos no nome. 

A batalha da língua na guerra das culturas

Mais um texto sensato para formar a opinião de quem precisa aprender um pouco mais sobre língua e linguagem, antes de enveredar pelo "achismo" na polêmica do livro que, segundo algumas opiniões, ensina a falar errado.

A batalha da língua na guerra das culturas

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Dica do dia 31/05/2011 by Rede de Correções

SINÔNIMOS: SEM REPETIÇÕES DE PALAVRAS, COM REPETIÇÕES DE IDEIAS - DE QUE ADIANTA?

Quando se fala em produção textual, a dica mais comum dada aos alunos, e uma das primeiras, é evitar a repetição de palavras. Palmas para nós professores, que fizemos isso com muita propriedade por anos! Mas convém rediscutir essa prática, porquanto tenhamos percebido que os jovens produtores de texto pareçam querer transformar tal dica numa fórmula mágica.

Não existe fórmula para redigir texto com competência. A habilidade deve ser inerente ao escritor, mas não quer dizer que isso não possa ser desenvolvido. Leitura, que parece estar ressurgindo com advento da internet, é um caminho! No entanto, o problema está na solução encontrada pelos referidos escritores: usar sinônimos em demasia.

Ora, um sinônimo, na produção textual, figura como uma repetição da ideia pensada anteriormente. Vejamos:

Ex.: Conseguimos mais um trabalho para revisar. Essa produção textual será enviada em breve para fazermos orçamento. Um texto desse tipo deve nos render em média R$ 700,00. 

A questão é que, embora produção textual não tenha aparecido mais de uma vez, seus sinônimos o fizeram em seu lugar. A recorrência à ideia por meio de sinônmo, portanto, só tem o mérito de evitar o uso demasiado da termo produção textual, em tão poucas palavras, mais ainda constitui repetição. Outro problema é a repetição do recurso coesivo de sinonímia, que nesse exemplo torna o texto cansativo e "quebrado", ao unir três orações de períodos diferentes.

Uma possível solução seria o uso de pronomes relativos, que camuflariam tal repetição de ideias, mas poderiam não veicular o mesmo sentido pretendido. Não é sempre que isso ocorre, mas é comum ocorrer, quando a modificação não conserva a intenção comunicativa. Vamos dar um exemplo:

Conseguimos mais uma produção textual para revisar, cujo orçamento a ser enviado deve ficar em torno de R$ 700,00. 

Mais enxuta, essa construção parece ser ideal para substituir aquele exemplo. No entanto, traz consigo uma mudança da ênfase, no valor discursivo. No primeiro, toda ênfase girava em torno do preço que encerrava o exemplo: "... deve nos render em média R$ 700,00". Além disso, era relevante dizer que a produção ainda não se encontrava em poder do enunciador: "... será enviada em breve para fazermos orçamento".

Com a modificação, o foco recaiu sobre o envio de orçamento no valor de R$ 700,00. Perdeu-se, assim, o foco na ideia de que o trabalho ainda não se encontra em poder de quem enuncia a frase, mas se conservou a informação do preço: R$ 700,00.

Entretanto, pergunto: será que foi dada a mesma importância, o mesmo valor ao preço do serviço? Sem pensar em intenção, digo-lhes que não! O discurso veicula, muitas vezes, aquilo que não temos intenção consciente de dizer. Mas ainda assim dizemos, porquanto signifique para o interlocutor conforme as marcas que deixamos no texto, quer propositalmente ou não.

Fica, pois, o desafio a meus caros leitores, seguidores dessas dicas. Como reformular aquele primeiro exemplo de modo que a ideia do preço mantenha a relevância, e a informação de que o enunciador ainda não recebeu o trabalho permaneça? Vamos lá? Agora é com vocês!